Mundo

Petro Poroshenko, o rei do chocolate, novo presidente da Ucrânia

O candidato pró-Ocidente Petro Poroshenko é um dos dez homens mais ricos do país. Com experiência no mundo governamental e nos negócios, muitos veem nele o homem capaz de reativar a economia do país

O vencedor da eleição presidencial na Ucrânia, o empresário Petro Poroshenko
Apoie Siga-nos no

O candidato pró-Ocidente Petro Poroshenko, um dos dez homens mais ricos do país graças à fortuna conseguida no ramo do chocolate, foi eleito presidente da Ucrânia neste domingo 25. Único oligarca a ter apoiado a mobilização pró-Europa, esse especialista em relações econômicas internacionais foi ministro da Economia do então presidente Viktor Yanukovytch, além de ministro das Relações Exteriores e presidente do Banco Central sob o governo de Viktor Yushenko, também pró-Ocidente.

Poroshenko se tornou um dos pilares dos protestos da praça da Independência, em Kiev, que levaram à queda do pró-Moscou Yanukovytch, em fevereiro. O empresário podia ser visto na praça, distribuindo chocolates, ou denunciando a corrupção no país.

“A época em que os políticos mentiam para o povo já passou”, proclamou, ao anunciar sua candidatura.

Poroshenko também é o único político que já viajou para a Crimeia para tentar negociar com as tropas pró-Rússia que cercavam o Parlamento local, depois da queda de Yanukovytch. Ele prometeu “recuperar” a península que aprovou sua anexação a Moscou por meio de um referendo considerado ilegal pela Ucrânia e pela comunidade internacional.

Com sua experiência governamental e seu conhecimento do mundo dos negócios, muitos veem nele um homem capacitado para reativar uma economia enfraquecida e unir um país rachado.

Um líder para enfrentar a crise. Segundo o cientista político Volodymyr Fesenko, no centro Penta de Kiev, Poroshenko conseguiu forjar uma imagem muito mais consensual do que a da ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko.

“Uma grande parte da população quer à frente do Estado um administrador de crise experiente. Poroshenko tem a experiência de vários cargos no governo e é considerado um empresário bem-sucedido”, explica Fesenko.

Sua popularidade será rapidamente desafiada, porém, diante da crise que dividiu o país em dois e o deixou à beira da guerra civil. “Em dois meses, a situação na Ucrânia pode mudar e sua popularidade também”, afirmou Andreas Umland, da Universidade de Kiev Mohyla.

Ao contrário da maioria dos oligarcas influentes na Ucrânia, que enriqueceram rapidamente nos anos caóticos que se seguiram ao desmantelamento da então União Soviética em 1991, Poroshenko é um “self-made man”, que deve sua fortuna apenas a si mesmo.

Oriundo de Bolhrad (sul), ele começou vendendo grãos de cacau e, depois, comprou várias fábricas de doces. Ele fundiu as unidades, transformando-as em um empório do Leste Europeu, Roshen, produtora de 450.000 toneladas anuais de guloseimas, como informa sua página na Internet. Ele também possui uma empresa que fabrica automóveis e ônibus, um estaleiro e um canal de televisão, o Kanal 5, chave na luta contra Yanukovytch.

A fortuna de Poroshenko, estimada em US$ 1,3 bilhão pela revista “Forbes”, foi afetada pela crise com a Rússia, que proibiu as importações dos populares chocolates de Roshen, em meio à negociação entre Ucrânia e União Europeia (UE).

Diplomado em Economia, entrou na política em 1998 e fez parte dos fundadores, em 2000, do Partido das Regiões, dirigido por Yanukovytch. Dois anos depois, porém, somou-se à equipe de Viktor Yuschenko, herói da “Revolução Laranja” de 2004, na qual desempenhou um grande papel.

Em 2012, em outra reviravolta, foi nomeado ministro da Economia por Yanukovytch. Nesse mesmo ano, foi eleito deputado como candidato independente e pensava em lançar sua candidatura à prefeitura de Kiev, antes da crise atual.

Com informações da AFP

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo