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Petro manda a Marinha deter navios que transportam carvão para Israel
O presidente da Colômbia rompeu relações diplomáticas com Israel e é um crítico de Benjamin Netanyahu, a quem chama de ‘genocida’


O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, ordenou nesta quinta-feira 24 que a Marinha detenha navios que estejam levando carvão para Israel, em protesto contra a ofensiva militar na Faixa de Gaza.
Petro havia proibido por decreto, em agosto de 2024, a exportação de carvão colombiano para Israel. No entanto, acusa membros de seu próprio governo de desrespeitarem a medida, que previa exceções para contratos previamente firmados.
“Voltaram a enviar hoje um navio carregado de carvão com destino a Israel. Um desafio ao meu governo (…) A Marinha receberá ordem por escrito para deter navios com destino a Israel”, escreveu Petro na rede X.
O presidente colombiano rompeu relações diplomáticas com Israel em 2024 e é um crítico contundente do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, a quem chama de “genocida”. Além de suspender a exportação de carvão, Petro também interrompeu a compra de armamentos israelenses.
“Peço ao ministro do Trabalho uma reunião urgente com os sindicatos do setor carbonífero. (…) Deve ser convocada também uma reunião com as autoridades indígenas Wayúu e outros povos afetados pela exploração de carvão”, acrescentou, em referência às comunidades originárias do norte do país que vivem próximas ao Cerrejón (nordeste), a maior mina de carvão a céu aberto da América Latina.
Segundo os dados mais recentes do PIB, o setor de mineração acumula cinco trimestres consecutivos de retração. Um dos segmentos mais atingidos é justamente o do carvão, impactado não apenas pela crise global de preços, mas também pelas políticas do governo Petro, que promove a transição energética rumo às fontes renováveis.
Em março, a Cerrejón, operada pela multinacional suíça Glencore, anunciou que reduzirá sua produção anual em mais de 50% devido aos altos custos de exportação.
Petro tem feito críticas públicas à Cerrejón e à Drummond, outra gigante do setor. Ambas afirmam que operam de acordo com a legislação vigente.
Em 15 de julho, a Colômbia sediou uma “reunião ministerial de emergência” com representantes de mais de 30 países em defesa de Gaza. Nesta quinta-feira, a sede presidencial da Casa de Nariño foi decorada com bandeiras palestinas.
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