“Meu teto se foi. Estou com à mercê da piedade do furacão. A casa está inundando.” A frase é de Roosevelt Skerrit, primeiro-ministro da ilha de Dominica, país independente de 73 mil habitantes no Caribe. Foi postada no Facebook às 22h21 de segunda-feira 18 (horário de Brasília), em meio à chegada do furacão Maria. Oito minutos depois, Skerrit escreveu novamente: “Fui resgatado”.
O chefe do governo de Dominica só voltaria a se manifestar pela rede social quatro horas mais tarde, após a passagem dos ventos mais fortes do furacão, classificado de “potencialmente catastrófico” pelo Centro Nacional de Furacões (NHC) dos Estados Unidos.
O cenário divulgado por Skerrit era de tragédia. “Os relatos iniciais são de devastação generalizada” escreveu. “Até agora perdemos tudo o que o dinheiro pode comprar e repor. Meu grande medo é que pela manhã vamos acordar e ter notícias de sérios danos físicos e possíveis mortes”, afirmou.
Skerrit acrescentou que “o vento levou o telhado das casas de quase todas as pessoas” com as quais conversou ou fez contato até aquele momento e solicitou ajuda de todos os tipos de governos e organizações humanitárias. Até a publicação desta reportagem, não há relatos completos sobre o dano ocorrido em Dominica, ou um balanço de feridos.
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O furacão Maria, de categoria 5, com ventos de até 257 km por hora, tocou a terra em Dominica às 22h15 e, depois, causou enormes danos também em Guadalupe, ilha próxima que pertence à França. A tempestade pode atingir as Ilhas Virgens e Porto Rico entre terça-feira à noite e quarta-feira. “Na trajetória prevista, o olho de Maria se movimentará para o nordeste do Mar do Caribe hoje, com uma aproximação das Ilhas Virgens e de Porto Rico esta noite e na quarta-feira”, indicou o NHC.
O Caribe, devastado há 10 dias pelo furacão Irma, se encontra em estado de alerta pela passagem do Maria, que em menos de 24 horas ganhou força e passou de tempestade tropical a furacão de categoria 5, a máxima, na escala Saffir-Simpson, antes de cair para categoria 4.
Os quase 73 mil habitantes da ilha relataram na tarde de segunda-feira 18 nas redes sociais os primeiros sinais do furacão, com árvores e postes de energia elétrica no chão, fortes chuvas, ventos violentos e inundações.
Antes de Dominica, o olho do furacão passou a 50 km da costa norte da ilha francesa de Martinica e deixou 33 mil casas sem energia elétrica, mas não provocou danos significativos, de acordo com as autoridades.
Santa Lúcia e as Ilhas Virgens britânicas e americanas estão em alerta e as autoridades da República Dominicana ordenaram a saída preventiva dos moradores de áreas vulneráveis. O novo furacão deve passar ao sul das costas de Saint Martin e Saint Barth, ambas devastadas pelo furacão Irma, segundo o ministério da Defesa da Holanda.
O furacão Irma deixou quase 40 mortos no Caribe antes de atingir o estado americano da Flórida, onde morreram pelo menos 50 pessoas.
Reforços
Os governos da França, Reino Unido e Holanda, criticados por não terem enviado mais recursos antes e depois da passagem do Irma anunciaram reforços.
A França anunciou no domingo o envio de 110 militares a Guadalupe e recordou que “quase 3 mil” reforços já estão na ilha.
Mas o ministro do Interior francês, Gerard Collomb, admitiu “dificuldades importantes” caso o furacão atingisse com força Guadalupe, já que a ilha é “o centro logístico” que permite alimentar Saint Martin e organizar as viagens aéreas e o abastecimento.
Londres também anunciou reforços para as Ilhas Virgens com “40 funcionários de apoio adicionais, 37 membros do serviço humanitário e mais de 1,3 mil militares preparados para atuar em tarefas prioritárias após a passagem de Maria”.
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