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Pela primeira vez Bruxelas visa empresas chinesas em novo pacote de sanções contra a Rússia

Ao tomar conhecimento da ameaça, a reação de Pequim foi imediata: ‘a China insta a UE a evitar seguir o caminho errado, caso contrário o país terá que tomar medidas firmes para salvaguardar os seus direitos e interesses’

Os presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, durante encontro em Moscou. Foto: Sergei KARPUKHIN/SPUTNIK/AFP
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Enquanto Moscou comemora o Dia da Vitória sobre a Alemanha nazista de 1945 com um desfile militar na Praça Vermelha, com a presença do presidente russo, Vladimir Putin, Bruxelas se prepara para discutir o 11º pacote de sanções contra a Rússia, em resposta à guerra na Ucrânia. Um dos objetivos do pacote é impedir que produtos que estão proibidos de serem exportados para o país encontrem uma maneira de abastecer o complexo industrial-militar russo.

A proposta da Comissão Europeia visa 541 empresas, sendo 526 russas e, pela primeira vez, sete empresas chinesas acusadas de reexportar mercadorias sensíveis para a Rússia. Além disso, companhias de países como o Irã, os Emirados Árabes Unidos, Turquia, Uzbequistão, Armênia e Síria estão na mira dos europeus. Bruxelas espera com estas novas sanções dissuadir empresas estrangeiras e países terceiros a pararem de reexportar equipamentos que possam ser usados para fins militares russos, como semicondutores, circuitos integrados, bens com componentes eletrônicos, entre outros. Este décimo primeiro pacote de sanções contra Moscou vai começar a ser discutido pelos embaixadores do bloco na quarta-feira (10) e por causa do caráter bastante técnico da proposta as negociações deverão ser intensas até se chegar a um consenso. É provável que o pacote só entre em vigor após o encontro dos líderes do bloco no Conselho Europeu no dia 30 de junho.

Sanções extraterritorias

Segundo as autoridades europeias, a ideia é aplicar penalidades econômicas nos países que não estiverem cumprindo as sanções ocidentais ou que não puderem explicar o porquê do aumento repentino no comércio de produtos proibidos para a Rússia. Bruxelas tem se preocupado com o aumento do fluxo de produtos fabricados na UE para os países do sul do Cáucaso e da Ásia Central, que poderiam estar sendo reencaminhados para a Rússia. As empresas implicadas neste esquema poderiam passar a fazer parte de uma lista negra da União Europeia. Esta seria a primeira vez que Bruxelas estaria usando sanções secundárias ou extraterritoriais, uma prática já utilizada pelos EUA. A Comissão Europeia ainda não conseguiu definir como este novo mecanismo vai funcionar; se apenas os países que considera estar ajudando o Kremlin seriam visados ou indivíduos e entidades que operam em determinados países.

Risco de mais turbulência nas relações UE-China

As exportações da UE para a China e o Irã – dois aliados próximos do Kremlin – também estão sob escrutínio, assim como as trocas comerciais com a Turquia, que apesar de ser um país membro da Otan, tenta manter relações equidistantes com Moscou e Kiev. Segundo o jornal britânico Financial Times, a proposta de sanções da Comissão Europeia inclui sete empresas chinesas suspeitas de vender equipamento com potencial militar para a Rússia. Duas empresas estariam sediadas na China continental, enquanto as cinco outras estariam baseadas em Hong Kong. Ao tomar conhecimento da ameaça, a reação de Pequim foi imediata. O porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin, afirmou que “a China insta a União Europeia a evitar seguir o caminho errado, caso contrário o país terá que tomar medidas firmes para salvaguardar os seus direitos e interesses”. A China é o maior parceiro comercial do bloco europeu e tomar uma medida contra Pequim significa desequilibrar ainda mais as relações UE-China, que atravessam um período de bastante turbulência.

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