Mundo
Pedras no sapato
Sem maioria absoluta no Parlamento, Emmanuel Macron vê a esquerda revigorada e a extrema-direita fortalecida
Emmanuel Macron foi o grande perdedor das eleições de 19 de junho. Elegeu 245 deputados graças à aliança Ensemble com dois partidos centristas, bem menos do que os 308 deputados que seu partido La République En Marche obteve, sozinho, em 2017. Foram 44 cadeiras abaixo das 289 necessárias para garantir maioria absoluta. A capa do Libération de 20 de junho trazia uma só expressão: “La gifle” (A bofetada), com a foto de Macron a olhar para o chão. No Le Monde, a manchete: “Macron atingido pelo voto de sanção”. O jornal destacava o crescimento do partido de Marine Le Pen, que elegeu 89 deputados (eram oito antes). A união dos quatro partidos de esquerda (Nupes), liderada por Jean-Luc Mélenchon, fez 142 deputados, dos quais 79 são melenchonistas (eram 17).
Como de praxe, a primeira-ministra, Elisabeth Borne, apresentou sua demissão na terça-feira 21 e foi reconfirmada no cargo. Com duas oposições fortes, a esquerda unida e a extrema-direita revigorada, o Parlamento francês vai ganhar mais importância e voltar a ser o centro da vida política. No primeiro mandato, Macron governou em modelo de hiperpresidencialismo. No novo mandato, vai ser impossível o exercício do poder verticalizado do presidente, que os críticos chamam de “Júpiter”, por centralizar as decisões como um monarca. Governar vai exigir permanentes negociações para aprovação das leis do seu esquálido programa presidencial, resumido pelos adversários em um só item: a elevação da idade da aposentadoria de 62 para 65 anos.
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