Mundo

Partido que levou presidente do Peru ao poder passa à oposição

Castillo renunciou à sua militância no Peru Livre, algo que a cúpula partidária havia pedido há dois dias, sob a ameaça de expulsá-lo

Partido que levou presidente do Peru ao poder passa à oposição
Partido que levou presidente do Peru ao poder passa à oposição
O presidente do Peru, Pedro Castillo. Foto: Presidencia Perú
Apoie Siga-nos no

O partido marxista-leninista Peru Livre, que levou Pedro Castillo à presidência, será agora de oposição, anunciou nesta quinta-feira 30 o líder de sua bancada parlamentar, o que aumenta o isolamento do governante.

Castillo, por sua vez, renunciou à sua militância no Peru Livre, algo que a cúpula partidária havia pedido há dois dias, sob a ameaça de expulsá-lo.

“Definitivamente, não somos uma bancada governista”, disse o parlamentar Waldemar Cerrón, líder da bancada e irmão do líder do partido, Vladimir Cerrón. Como expressão dessa nova posição, o parlamentar antecipou que a bancada votará hoje a favor da censura ao ministro do Interior, Dimitri Senmache.

Ele argumentou que o Peru Livre atuará como uma “oposição propositiva”, ao contrário da “oposição obstrucionista” dos partidos de direita que dominam o Congresso. “Não seremos uma bancada que estará se opondo por se opor”, disse Cerrón.

As diferenças entre o Peru Livre e Castillo se aprofundaram na última terça-feira, depois que o partido lhe pediu que renunciasse “irrevogavelmente” à sua militância, um passo que o presidente finalmente deu nesta quinta.

“Apresentei ao Tribunal Eleitoral Nacional [JNE, na sigla em espanhol] minha renúncia irrevogável de filiação ao partido político Peru Livre. Tal decisão se deve à minha responsabilidade como presidente de 33 milhões de peruanos”, escreveu Castillo em suas redes sociais.

“Sinto respeito pelo partido e por suas bases construídas na campanha” eleitoral de 2021, acrescentou.

O Peru Livre acusa Castillo de não ter colocado em prática o programa do partido, nem cumprido suas promessas eleitorais, e fazer justamente o contrário, “implementar o programa neoliberal perdedor”.

Vladimir Cerrón, um médico formado em Cuba, tuitou que a decisão era um “acordo unânime de Partido, Comissão Política e Bancada”.

O conflito entre Peru Livre e Castillo ocorre no momento em que uma comissão do Congresso que investiga o presidente por corrupção irá recomendar uma acusação constitucional contra ele, o que pode acarretar um pedido de destituição do cargo, que ocupa há 11 meses.

O Peru Livre acusa Castillo de minar a “unidade e a disciplina” partidárias, após a divisão da bancada governista em três blocos. O partido conta agora com apenas 16 dos 37 parlamentares que obteve nas eleições de 2021, e se tornou a principal minoria em um Congresso onde nenhum partido tem a maioria.

Castillo, um professor rural de 52 anos, foi candidato presidencial pelo Peru Livre, partido ao qual chegou como “candidato convidado” em setembro de 2020.

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo