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Partido governista pede ‘nulidade total’ das eleições em Honduras
O Livre, legenda da atual presidenta Xiomara Castro, convocou protestos e pediu aos funcionários públicos que não cooperem com a transição de governo
O partido governista Livre afirmou no domingo 7 que não reconhece as eleições presidenciais em Honduras devido à “interferência” dos Estados Unidos, enquanto a divulgação da apuração permanecia paralisada pelo segundo dia consecutivo.
Na lenta contagem de votos, o empresário de direita Nasry Asfura, de 67 anos e apoiado pelo presidente americano Donald Trump, mantém uma pequena vantagem sobre o apresentador de televisão Salvador Nasralla, de 72 anos, do Partido Liberal (PL).
Em um distante terceiro lugar aparece a candidata do Livre, Rixi Moncada.
A direção do Livre afirmou em um comunicado que “não reconhece” as eleições por considerar que aconteceram sob “interferência” e “coação” do presidente Trump e da “oligarquia” local.
A legenda pediu a “nulidade total” das eleições e afirmou que solicitará “a investigação dos atos de terrorismo eleitoral”, que, segundo o partido, são supostamente executados pelo sistema de transmissão de resultados.
O Livre convocou protestos e pediu aos funcionários públicos que não cooperem com a transição de governo. A presidente do país, Xiomara Castro, não se pronunciou sobre a declaração de seu partido.
Marlon Ochoa, integrante do Livre e membro do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), disse que várias falhas geram a “falta de atualização dos resultados”.
“Pelo menos 5 mil atas que foram transmitidas dos centros de votação no dia das eleições estão divulgadas no sistema com resultados zerados”, declarou Ochoa.
O CNE é integrado por representantes dos três partidos majoritários de Honduras.
“Ao manter a apuração paralisada, o CNE está sendo irresponsável com o país e mantém a população em suspense”, afirmou Nasralla. “Os corruptos estão mantendo o processo de contagem (de votos) paralisado no Conselho Nacional Eleitoral”, acrescentou o candidato.
Uma empresa colombiana, contratada para a transmissão e divulgação de resultados, é acusada pela demora na contagem dos votos e, segundo Nasralla, “deve prestar contas”.
Na atualização mais recente do CNE, com 88,6% das atas de votação apuradas, Asfura, do Partido Nacional (PN, conservador), tem 40,19% dos votos, contra 39,49% de Nasralla, enquanto Rixi Moncada tem 19,30%.
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