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Parlamento Europeu recebe Orban com hostilidade

Primeiro-ministro húngaro foi alvo de cobranças de representantes de diferentes países

Parlamento Europeu recebe Orban com hostilidade
Parlamento Europeu recebe Orban com hostilidade
Líder de extrema-direita foi cobrado ao discursar perante representantes de nações integrantes da UE - Foto: Frederick Florin / AFP
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O primeiro-ministro da Hungria, o ultraconservador Viktor Orbán, foi recebido, nesta quarta-feira 9, com grande hostilidade no Parlamento Europeu, onde legisladores de diversos blocos políticos se revezaram para criticá-lo duramente.

Orbán deveria apresentar as prioridades de seu país, que exerce a presidência semestral rotativa do Conselho da UE, mas sua presença promoveu uma longa série de discursos, em um debate que o próprio dirigente húngaro definiu como “tempestuoso”.

Em seu discurso de apresentação, Orbán disse que “a União Europeia precisa mudar, e gostaria de convencê-los disso”, e acrescentou que o bloco enfrenta o período mais grave de toda a sua história.

A gravidade do momento, apontou, deve-se à guerra da Ucrânia às portas da Europa, à escalada do conflito no Oriente Médio e a uma crise migratória que, segundo ele, pode fazer com que o sistema de fronteiras abertas “se desmorone”.

A presidência húngara do Conselho da UE, disse Orbán, deseja ser “o catalizador” da mudança.

Essa apresentação de prioridades normalmente acontece no início da presidência de cada país, mas as tensões entre Hungria e UE fizeram com que fosse realizada na metade do mandato húngaro.

A presidente da Comissão Europeia (o braço Executivo da UE), Ursula von der Leyen, participou da sessão e, em seu discurso, questionou Orbán por suas declarações sobre a questão migratória.

“Você disse que a Hungria está ‘protegendo suas fronteiras’ e que ‘está prendendo os criminosos’ na Hungria. Me pergunto como essa afirmação encaixa com o fato de que no ano passado contrabandistas e traficantes tenham sido libertados da prisão antes que cumprissem sua condenação”, disse.

“Isso não protege a nossa união. Isso é apenas jogar problemas na cerca de seu vizinho”, acrescentou.

Parte das críticas se centrou em uma “missão de paz”, no início de junho, que Orbán realizou indo à Ucrânia, Rússia e China, sem coordená-la previamente com as instituições europeias nem acordar um discurso unificado com os países do bloco.

Por isso, o legislador alemão Manfred Weber, líder do bloco majoritário do Partido Popular Europeu (PPE, direita) disse que essa viagem de Orbán foi apenas um “grande espetáculo de propaganda para os autocratas”.

A presidente do bloco parlamentar dos Verdes, a alemã Terry Reintke, foi ainda mais direta com Orbán: “Senhor primeiro-ministro, você não é bem-vindo neste Parlamento”, criticou, olhando diretamente para ele.

Por sua vez, o liberal holandês Gerben-Jan Gerbrandy, disse a Orbán que ele, na verdade, parecia o malvado de um “filme ruim”.

O opositor húngaro Peter Magyar, que em junho foi eleito eurodeputado, lamentou que, sob o poder de Orbán, a Hungria “passou de ser uma estrela brilhante para ser o mais pobre e corrupto país da UE”.

Apenas o ultradireitista espanhol Jorge Buxadé (do partido VOX) comentou que o discurso de Orbán era um “ar fresco neste Parlamento” e que era necessário olhar para a Hungria e sua construção de “uma vida boa”.

Em sua réplica, Orbán lamentou que “não importa a ninguém” discutir as prioridades de seu país e desqualificou as críticas como “propaganda da esquerda”.

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