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Para Merkel, acordo UE-Mercosul fica mais difícil com Bolsonaro

A chanceler federal alemã afirma avalia que acerto ficará mais difícil com o novo governo brasileiro

Merkel está pessimista (Ralf Hirschberger/DPA/AFP)
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A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, afirmou nesta quarta-feira 12 que o tempo se esgota para alcançar um acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul e que o governo do presidente eleito Jair Bolsonaro deve dificultar as negociações.

“O tempo para um acordo entre a UE e Mercosul está se esgotando. O acordo deve acontecer muito rapidamente, pois, do contrário, não será tão fácil alcançá-lo com o novo governo do Brasil”, disse Merkel ao responder a uma pergunta de um deputado durante uma sessão do Bundestag, o Parlamento alemão.

Em novembro, logo após a vitória de Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial, os europeus haviam manifestado preocupação com o futuro das negociações. O presidente da delegação do Parlamento Europeu para as relações com o Mercosul, o deputado português Francisco Assis, afirmou que era necessário tentar fechar algum tipo de entendimento comercial ainda durante o governo do presidente Michel Temer.

A equipe de Bolsonaro manifestou em algumas ocasiões que prefere negociações bilaterais, em vez de uma que envolva blocos, como o Mercosul. O superministro da Economia, o neoliberal Paulo Guedes, também disse que o Mercosul não será prioridade no novo governo.

Leia também: UE e Mercosul correm por acordo antes da posse de Bolsonaro

Bolsonaro, por sua vez, criticou aspectos de um eventual acordo, mas se disse aberto a negociar. “Não é um ‘não’ em definitivo, nós vamos é negociar”, disse ele no fim de novembro.

Um dia antes da declaração de Bolsonaro, o presidente da França, Emmanuel Macron, também havia adicionado novos elementos às negociações ao afirmar que seu país vai condicionar a aprovação de um acordo UE-Mercosul à permanência do Brasil no Acordo Climático de Paris, que Bolsonaro quer abandonar.

As negociações entre a UE e o Mercosul se arrastam há mais de duas décadas.

Leia também: Mercosul, sob fogo cerrado

Em 2004, os dois blocos chegaram a trocar propostas, mas a iniciativa fracassou diante da discordância sobre a natureza dos produtos e serviços que seriam englobados no acordo. Os sul-americanos queriam mais acesso ao controlado mercado agrícola europeu. A UE desejava avançar no setor de serviços e comunicações dos países do Mercosul.

Nos últimos três anos, as negociações tiveram um progresso mais significativo, mas ainda esbarram em várias divergências envolvendo a indústria automobilística dos dois países e a circulação de produtos como carne bovina. Várias associações de produtores europeus temem a concorrência dos brasileiros, já os brasileiros não ficaram satisfeitos com o sistema de cotas oferecidos pelos europeus.

Após a divulgação das declarações de Merkel, alguns membros do governo Temer sugeriram que o avanço das negociações não depende só dos brasileiros, mas que os próprios europeus é que impõem dificuldades.

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