Mundo

Papa teme regresso dos anos de chumbo à América Latina e pede paz

Francisco criticou os governos da região, os quais classificou como `fracos´

Papa teme regresso dos anos de chumbo à América Latina e pede paz
Papa teme regresso dos anos de chumbo à América Latina e pede paz
Papa Francisco (Foto: Remo Casilli/Pool/AFP)
Apoie Siga-nos no

O papa Francisco teme que a situação atual na América Latina se assemelhe à difícil década de 1970, quando a região viveu sob ditaduras militares, e por conta dessa ameaça, pediu paz nesta terça-feira (26), em sua viagem de volta do Japão a Roma.

Ao ser perguntado sobre a situação de vários países, como Chile, Colômbia, Bolívia e Nicarágua, com tumultos, violência nas ruas, mortos e feridos, o papa reconheceu que não tinha como fazer uma análise.

“A situação atual na América Latina se assemelha à de 1974-1980, no Chile, Argentina, Uruguai, Brasil, Paraguai com (Alfredo) Stroesner, e também creio que a Bolívia (…). Uma situação pegando fogo, mas não sei se é um problema fácil de detectar”, admitiu.

“Realmente não posso fazer uma análise sobre isso neste momento”, afirmou.

O primeiro papa latino-americano da história, que viveu na carne os horrores da ditadura militar na Argentina, considera que “algumas declarações não são precisamente de paz”.

“O que está acontecendo no Chile me assusta, porque o Chile está emergindo de um problema de abusos (sexuais de menores) que causou tanto sofrimento e agora esse problema, que não entendemos bem …”, admitiu.

“Mas está pegando fogo e precisamos buscar diálogo e também a análise”, acrescentou.

Francisco criticou os governos da região, os quais classificou como “fracos” sem especificá-los .

“Também existem governos fracos, muito fracos, que falharam em trazer ordem e paz, e é por isso que chegamos a essa situação”, afirmou.

O papa argentino evitou falar sobre a Colômbia, país que visitou em 2017 e registrou manifestações históricas contra o governo de Iván Duque.

Em uma eventual mediação da Santa Sé nesses conflitos, o pontífice afirmou: “Estamos dispostos a ajudar quando for necessário”.

Em sua conversa com cerca de 70 jornalistas de todo o mundo que o acompanharam na visita à Tailândia e ao Japão, o papa comparou os protestos em Hong Kong com os registrados no resto do mundo.

“Não se trata apenas de Hong Kong. Pense no Chile, pense na França, a democrática França: um ano de coletes amarelos. Pense na Nicarágua, pense em outros países latino-americanos que têm esses problemas e também em alguns países europeus. É algo geral. O que a Santa Sé faz com isso? Apela ao diálogo, à paz “, concluiu.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo