Papa Francisco visita Auschwitz em silêncio

Em livro de visitas de memorial, Francisco pede que Deus perdoe "tanta crueldade"

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O papa Francisco visitou nesta sexta-feira 29 o campo de concentração nazista de Auschwitz-Birkenau, na Polônia. Ao passar pelo histórico portão de ferro com as inscrições Arbeit macht frei (o trabalho liberta), o pontífice baixou a cabeça e orou em silêncio por mais de 15 minutos, antes de se encontrar com sobreviventes do Holocausto.

Em vez de fazer um discurso, o papa escolheu ficar em silêncio para refletir as atrocidades cometidas no local, anunciou antes da visita. Francisco parou diante de cada um dos sobreviventes, apertando suas mãos e se curvando para beijar os mais velhos na bochecha.

Ele acendeu, então, uma vela diante do muro da morte, onde o pelotão de fuzilamento nazista executou milhares de prisioneiros, a maioria judeus.

“Isso é uma grande coisa para mim”, disse o sobrevivente Alojzy Fros, de 100 anos, sobre o encontro com o papa, que vem tentando reforçar os laços entre católicos e judeus desde que foi eleito, em 2013.

O pontífice visitou a cela do padre e santo polonês Maximiliam Kolbe, que morreu em Auschwitz ao sacrificar a própria vida para salvar a de outro homem durante a Segunda Guerra Mundial. Francisco se ajoelhou por muitos minutos, rezando em silêncio.

No livro de visitas do memorial Auschwitz-Birkenau, Francisco escreveu em espanhol: “Senhor, tenha piedade de seu povo. Senhor, perdão para tanta crueldade.”


No papa-móvel, o papa percorreu o caminho ao lado dos trilhos instalados em 1944 para permitir que trens transportassem prisioneiros diretamente para as câmaras de gás e o crematório.

O papa leu as placas com os nomes de vítimas que morreram no campo, e o rabino-chefe da Polônia, Michael Schudrich, orou em hebreu. O salmo foi, então, lido em polonês por um padre. Durante as orações, Francisco uniu as mãos e baixou a cabeça.

Além de sobreviventes, o papa também cumprimentou cristãos poloneses que arriscaram suas vidas durante a guerra para ajudar a esconder e proteger judeus. Muitos beijaram a mão do pontífice ao receberem dele um crucifixo de presente.

O Holocausto é um tema extremamente delicado na Polônia, onde moradores foram acusados de matar ou entregar judeus para as forças nazistas. Mais de 100 mil poloneses não judeus, membros da etnia roma, prisioneiros de guerra soviéticos, homossexuais e opositores do nazismo também foram mortos em Auschwitz-Birkenau. O campo foi libertado pelo Exército Vermelho soviético em 1945.

O papa chegou à Polônia nesta quarta-feira, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, e encerrará a visita ao país neste domingo. Dois dos predecessores de Francisco também visitaram Auschwitz-Birkenau: João Paulo 2º, em 1979, e Benedito 6º, em 2006.

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