Mundo
Papa critica operação dos EUA perto da Venezuela: ‘Aumenta a tensão’
Sem citar Donald Trump, Leão XIV defendeu a busca pelo diálogo: ‘Com a violência não ganharemos’
O Papa Leão XIV criticou nesta terça-feira 4 o envio de forças americanas ao Caribe, sem mencionar o presidente Donald Trump, e afirmou que “com a violência não ganhamos”.
Trump ordenou um amplo destacamento militar na região nas últimas semanas, e as forças americanas realizaram diversos ataques contra supostas embarcações de narcotraficantes, nos quais dezenas de pessoas morreram.
Em resposta à pergunta de um jornalista ao sair de sua residência secundária em Castel Gandolfo, Leão XIV afirmou que um país tem o direito de manter militares para “defender a paz”.
“Mas neste caso parece um pouco diferente. Isso aumenta as tensões”, declarou o Papa, de 70 anos, referindo-se aos relatos sobre embarcações americanas “cada vez mais próximas da costa da Venezuela”.
“Com a violência não ganhamos. O que é preciso fazer é buscar o diálogo”, acrescentou o pontífice americano.
Trump afirmou que não planeja ataques contra a Venezuela, onde o presidente Nicolás Maduro — acusado nos Estados Unidos por crimes relacionados ao narcotráfico — alega que o republicano quer impor uma “mudança de regime” para se apoderar do petróleo venezuelano.
O Papa, nascido em Chicago, também foi questionado sobre os imigrantes detidos em sua cidade natal, um dos principais alvos da campanha de Trump contra a imigração.
“Jesus diz muito claramente que, no fim do mundo, seremos questionados sobre como recebemos o estrangeiro, se o acolhemos e lhe demos boas-vindas ou não”, afirmou o pontífice.
“Acho que é preciso refletir profundamente sobre o que está acontecendo. Muitas pessoas que viveram por anos e anos sem nunca causar problemas foram profundamente afetadas pelo que ocorre agora”, observou.
Em setembro, Leão XIV, ex-missionário no Peru, já havia criticado o que classificou como “tratamento desumano” dado aos imigrantes nos Estados Unidos.
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