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Pandemia pode levar 86 milhões de crianças à pobreza até o final do ano

O alerta é fruto de um estudo conjunto da ONG Save the Children e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)

(Foto: AFP)
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A crise provocada pela pandemia do novo coronavírus pode empurrar mais de 86 milhões de crianças para a pobreza até o fim de 2020. O alerta é fruto de um estudo conjunto da ONG Save the Children e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Se a previsão se cumprir, o mundo terá 672 milhões de crianças afetadas pela pobreza, 15% a mais que no ano anterior, informaram as duas organizações em um comunicado divulgado nesta quarta-feira (27). Quase dois terços destes menores vivem na África subsaariana e no sul da Ásia.

O aumento do número de crianças afetadas pela pobreza ocorreria sobretudo na Europa e na Ásia Central, segundo o estudo. A análise se baseia em projeções do Banco Mundial, do Fundo Monetário Internacional e dados demográficos de uma centena de países.

“A magnitude das dificuldades financeiras que as famílias enfrentam ameaça o progresso obtido durante anos para reduzir a pobreza infantil”, alerta Henrietta Fore, diretora do Unicef, citada no comunicado divulgado para a imprensa.

As crianças são “muito vulneráveis aos períodos de fome, embora sejam curtos, e à desnutrição, pois podem afetá-los por toda a sua vida”, advertiu Inger Ashing, diretora da Save the Children. Mas, segundo ela, com uma ação imediata e efetiva, “podemos conter a ameaça da pandemia que paira sobre os países mais pobres e algumas das crianças mais vulneráveis”.

As duas organizações pedem aos governos que ampliem a cobertura de segurança social e alimentação escolar para limitar os efeitos da pandemia.

Menores migrantes “abandonados”

ONGs de proteção das crianças também alertam para o impacto da pandemia na situação dos migrantes menores. Segundo a Médico Sem Fronteiras e a Médicos do Mundo, essa população teria sido “abandonada” pelas autoridades durante o período de confinamento, principalmente na França.

Os migrantes reconhecidos como menores ficam sob a responsabilidade do Estado. No entanto, muitas das instituições encarregadas do reconhecimento desse status de menor não funcionaram ou tiveram suas atividades reduzidas durante a quarentena no país.

“O acolhimento e o acesso à alimentação e saúde desses menores dependem mais do que nunca do engajamento de associações e grupos cidadãos, e nenhuma proteção adaptada foi proposta pelos serviços públicos”, alertam a Médico Sem Fronteiras e a Médicos do Mundo. Apenas em Paris, 107 menores migrantes, que deveriam ter sido acolhidos, passaram o período de confinamento nas ruas.

*Com informações da AFP

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