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Otan inicia ampliação de olho na Rússia, que exige ‘capitulação’ da Ucrânia

O objetivo é “aumentar” o custo da guerra para Moscou, resumiu o chefe do governo alemão, Olaf Scholz

Boris Johnson, Joe Biden, Olaf Scholz, Emmanuel Macron e o primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, participam de uma reunião do G7 (Foto: Ludovic MARIN/POOL/AFP)
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A Otan admitiu nesta terça-feira (28) as candidaturas de Suécia e Finlândia com o objetivo de frear as intenções da Rússia, que exige a rendição da Ucrânia após quatro meses de conflito e foi acusada de “crimes de guerra” pelo bombardeio de um centro comercial.

“Me alegra anunciar que temos um acordo que abre o caminho para que Finlândia e Suécia se unam à Otan”, anunciou o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte, Jens Stoltenberg, ao inaugurar em Madri uma cúpula da entidade.

Os dois países nórdicos, tradicionalmente não alinhados militarmente, mudaram de postura após o presidente russo, Vladimir Putin, ordenar a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro.

A Rússia intensificou nas últimas semanas a ofensiva no leste e, nesta terça-feira, descartou qualquer outra solução do conflito que não seja a rendição total da Ucrânia.

“A parte ucraniana pode acabar (com o conflito) no dia de hoje” se “ordenar” aos seus soldados que “entreguem as armas”, afirmou Dmitri Peskov, porta-voz de Putin.

Mas o ataque russo ao centro comercial na segunda-feira revigorou ainda mais a determinação ucraniana.

É “um dos atos terroristas mais vergonhosos da história europeia”, denunciou o presidente ucraniano Volodimir Zelensky.

A Rússia rejeitou as acusações e afirmou que o local, em desuso, pegou fogo após o bombardeio de um depósito de armas próximo.

Zelensky pediu nesta terça-feira uma investigação da ONU in loco sobre o caso, para “colher informações de forma independente e ver que realmente foi um ataque com mísseis russos”.

“Os ataques indiscriminados contra civis inocentes constituem um crime de guerra”, denunciaram os líderes do G7, o grupo das principais economias ocidentais, reunidos na Alemanha.

“Frear” a Rússia

O G7 concordou em estreitar o cerco sobre Moscou com foco na industria militar e proibindo as importações de ouro ao país.

O objetivo é “aumentar” o custo da guerra para Moscou, resumiu o chefe do governo alemão, Olaf Scholz.

A Ucrânia está sofrendo “uma brutalidade nunca vista na Europa desde a Segunda Guerra Mundial”, declarou Stoltenberg.

Por isso, é muito importante que sigamos dispostos a proporcionar ajuda”, completou.

Os Estados Unidos anunciarão na quarta-feira o envio de reforços adicionais “a longo prazo” na Europa, majoritariamente concentrados no flanco leste fronteiriço com a Rússia, anunciou o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan.

O general Patrick Sanders, novo chefe e Estado-Maior das Forças Armadas britânicas, destacou a necessidade de frear “a expansão territorial” russa.

“Não estamos em guerra”, mas “temos que agir rapidamente para não chegarmos a uma situação de guerra em função do fracasso em frear uma expansão territorial”, declarou Sanders, comparando a situação com a de 1937, antes da Segunda Guerra Mundial, diante da Alemanha nazista.

O prefeito de Kiev e ex-campeão mundial de boxe, Vitali Klitschko, que está em Madri para a cúpula da Otan, pediu aos aliados “acelerar” as entregas de armas à Ucrânia para fazer frente à Rússia.

“Precisamos de sistemas anti-foguetes. Vemos que todos os dias os foguetes russos destroem nossas cidades, matam civis, destroem a infraestrutura”, explicou.

Fator turco

A Turquia se opôs à adesão da Suécia e da Finlândia à Otan, alegando que esses dois países eram santuários para os combatentes da independência curda do PKK, organização considerada “terrorista” por Ancara.

Mas, finalmente, a Turquia “conseguiu o que queria” para abrir a porta para os dois países nórdicos e “fez importantes conquistas na luta contra organizações terroristas”, disse o gabinete do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, em comunicado.

Um homem ao lado de uma barricada feita com carros de polícia destruídos em Lysychansk. Foto: Anatolii Stepanov / AFP

Cidade “em ruínas”

Poucas horas após o anúncio do bombardeio de Kremenchuk, as autoridades ucranianas anunciaram outro ataque mortal russo contra civis em Lysychansk, um reduto estratégico de resistência ucraniana na bacia do Donbass (leste).

Nesta cidade gêmea de Severodonetsk, recentemente tomada pelos russos, pelo menos oito civis ucranianos foram mortos e mais de 20 outros, incluindo duas crianças, ficaram feridos enquanto “recolhiam água de uma cisterna”, anunciou o governador da região de Lugansk, Sergei Gaidai.

Lysytchansk é a última grande cidade a ser conquistada pelos russos nesta província.

“Nossas defesas mantêm a linha, mas os russos reduzem a cidade a ruínas com artilharia, aviação (…) A infraestrutura está completamente destruída”, detalhou Gaidai.

Depois de não conseguir conquistar Kiev no final de março, as tropas russas concentraram seus ataques na região de mineração do Donbass, no leste, já parcialmente nas mãos de separatistas pró-Rússia desde 2014.

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