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Otan e EUA denunciam ‘brutalidade’ contra civis na Ucrânia; Rússia nega

O ministério da Defesa russo afirmou que as forças militares do país não mataram civis em Bucha

Trabalhadores comunitários recolhem os corpos de dois homens na cidade de Bucha. Foto: Sergei SUPINSKY / AFP
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Os Estados Unidos e Otan se declararam horrorizados com as imagens de atrocidades contra civis na Ucrânia e advertiram que o recuo das tropas russas dos arredores de Kiev não representa uma retirada ou o fim da violência.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que os assassinatos de civis em Bucha, nas proximidades da capital da Ucrânia, são “horríveis” e “inaceitáveis”, enquanto o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, os chamou de “um soco no estômago”.

“É uma brutalidade contra os civis que não vimos na Europa em décadas. É horrível e absolutamente inaceitável”, declarou Stoltenberg ao canal CNN, um dia após a divulgação das imagens de Bucha, cidade ucraniana recuperada das mãos das forças russas.

Os possíveis assassinatos de civis nos arredores de Kiev foram constatados depois que o exército russo abandonou a zona diante da grande resistência das forças ucranianas.

Correspondentes da AFP observaram no sábado ao menos 20 cadáveres com roupas civis em apenas uma rua de Bucha. Um homem tinha as mãos amarradas às costas, com o passaporte ucraniano ao lado do corpo.

Os corpos de 57 pessoas foram enterrados em uma vala comum na cidade, afirmou neste domingo Serhii Kaplychny, comandante dos socorristas de Bucha, que mostrou o local à AFP.

O chefe da diplomacia americana também falou sobre as  ações atribuídas às tropas russas: “Você não pode evitar ver essas imagens como um soco no estômago”, declarou Blinken a CNN.

“Esta é a realidade do que acontecerá todos os dias enquanto a brutalidade da Rússia contra a Ucrânia continuar”, acrescentou.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de cometer “genocídio” de civis no país, em uma entrevista ao canal americano CBS que será exibida neste domingo.

“Isto é genocídio. A eliminação de toda a nação e do povo”, disse Zelensky ao programa Face the Nation, de acordo com uma transcrição divulgada pela emissora.

O secretário-geral da Otan afirmou que não está muito otimista com os anúncios da Rússia de retirada da região de Kiev.

“O que vemos não é uma retirada, e sim que a Rússia está reposicionando suas tropas”, declarou.

“De certo modo, não devemos ser muito otimistas porque os ataques continuarão e também estamos preocupados com o aumento dos ataques”, acrescentou.

Blinken fez a mesma advertência em declarações ao canal MSNBC, observando que Moscou ainda tem “a capacidade de causar morte e destruição em massa, mesmo em lugares como Kiev, com poder aéreo e mísseis”.

Mas ele também disse que a mudança parece ser “uma evidência de que os planos originais da Rússia de assumir o controle de todo o país, incluindo Kiev, sofreram um revés devastador”.

“A Rússia tinha três objetivos: subjugar a Ucrânia a sua vontade, negar sua soberania e independência, afirmar o poder russo e dividir o Ocidente, dividir a aliança. E fracassou nas três frentes”, disse Blinken.

Ele considerou fundamental que o Ocidente e Kiev mantenham pressão sobre a Rússia.

“Estamos fazendo tudo o que podemos para apoiar os ucranianos… Tudo isso fortalecerá a posição da Ucrânia na mesa de negociações”, disse.

Rússia nega

O ministério da Defesa da Rússia afirmou que as forças militares do país não mataram civis em Bucha.

“Durante o tempo em que esta localidade esteve sob controle das Forças Armadas russas nenhum morador sofreu ações violentas”, afirma o ministério em um comunicado, que também cita a entrega por parte do exército russo de 452 toneladas de ajuda humanitária a civis.

O ministério destaca que todos os moradores “tiveram a oportunidade de partir livremente” da localidade para o norte”, enquanto os subúrbios do sul da cidade eram “alvos dos disparos das tropas ucranianas dia e noite”.

As imagens de corpos nas ruas da cidade são “outra produção do regime de Kiev para os meios de comunicação ocidentais”, insiste o ministério ucraniano.

Também afirma que todas as unidades militares russas se retiraram de Bucha em 30 de março, um dia após o governo russo anunciar que reduziria sua atividade no norte da Ucrânia.

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