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Os resultados da viagem de Trump ao Golfo Pérsico

O republicano voltou aos EUA com promessas de investimentos e cumpriu agendas sem se aprofundar nas questões políticas que abalam a região

Os resultados da viagem de Trump ao Golfo Pérsico
Os resultados da viagem de Trump ao Golfo Pérsico
Trump em seu giro pelo Golfo. Agendas do republicano focaram no dinheiro e deixaram questões políticas em segundo plano. Foto: Ryan CARTER / UAE PRESIDENTIAL COURT / AFP
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Donald Trump termina nesta sexta-feira 16 nos Emirados Árabes Unidos uma viagem por países do Golfo marcada por promessas de investimentos bilionários nos Estados Unidos, mas também pelo fim das sanções impostas à Síria e pelo otimismo nas negociações com o Irã.

Embora tenha visitado uma região com várias questões geopolíticas em aberto, a primeira viagem internacional do segundo mandato do presidente americano teve um intenso tom econômico e empresarial.

O magnata republicano recebeu muitas promessas de investimentos: 600 bilhões de dólares da Arábia Saudita, um contrato com a Boeing de US$ 200 bilhões no Catar e 1,4 trilhão de dólares dos Emirados Árabes Unidos em investimentos durante os próximos 10 anos.

“É o maior investimento já feito, e realmente valorizamos. E vamos tratá-los como vocês merecem, de forma magnífica”, agradeceu Trump ao presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed bin Zayed, em uma reunião na quinta-feira.

A Casa Branca também detalhou que foram assinados acordos no valor total de 200 bilhões de dólares, incluindo um pedido de 14,5 bilhões de dólares para a Boeing e para a GE Aerospace, além da participação do grupo ADNOC em um projeto de 60 bilhões de dólares nos Estados Unidos.

Em seu último dia na região, o presidente americano se reunirá com empresários e visitará um centro inter-religioso que abriga uma mesquita, uma igreja e uma sinagoga, segundo a imprensa local.

Síria, Irã, Gaza…

Além do componente econômico, a viagem de Trump incluiu declarações e gestos impactantes sobre as várias crises que abalam a região, como o novo governo na Síria, a guerra em Gaza ou o programa nuclear do Irã.

Na quinta-feira, ainda no Catar, o republicano disse que Washington e Teerã estão se aproximando de um “acordo” sobre o programa nuclear iraniano, após quatro reuniões entre os dois países nas últimas semanas.

Em sua primeira escala da viagem, a Arábia Saudita, Trump surpreendeu com o anúncio da suspensão das sanções dos Estados Unidos contra a Síria e uma reunião com seu homólogo Ahmed al Sharaa, ex-jihadista que derrubou o governo de Bashar al-Assad.

Donald Trump aperta a mão de Ahmed al-Sharaa, ex-jihadista que comanda a Síria após a queda de Bashar al-Assad.
Foto: Bandar AL-JALOUD / Saudi Royal Palace / AFP

E sobre a Faixa de Gaza, Trump reiterou sua vontade de assumir o controle do território palestino, destruído por 19 meses de guerra entre Israel e Hamas, e transformá-lo em “uma zona de liberdade”.

Adepto de uma diplomacia transacional, o presidente americano celebrou na quinta-feira uma viagem “recorde” que, segundo ele, poderia “gerar no total 3,5 ou 4 trilhões de dólares em apenas quatro ou cinco dias”.

O cumprimento dos valores de investimento e contratos tão elevados costuma ser difícil de verificar a longo prazo.

Segundo o jornal local The National, os Emirados Árabes Unidos buscam uma aliança com os Estados Unidos no setor de tecnologia e Inteligência Artificial (IA).

Os países do Golfo, que estão entre os principais exportadores de petróleo do mundo, apostam na IA na estratégia de diversificar suas economias e querem garantir o acesso à tecnologia de ponta americana.

O republicano confirma com a viagem uma ruptura radical com a diplomacia de seu antecessor democrata Joe Biden, baseada em parte no respeito aos direitos humanos.

Em seu primeiro dia na capital saudita, Trump apoiou os regimes da região e criticou as estratégias diplomáticas ocidentais baseadas na promoção da democracia.

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