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Os quatro candidatos com chances de vencer a disputa pela presidência do Panamá

As eleições de turno único e maioria simples são marcadas pela contestação da candidatura do favorito

Da esquerda para a direita: Ricardo Lombana, Martin Torrijos, Romulo Roux e Jose Raul Mulino. Os quatro aparecem com chances de vitória na disputa pela Presidência do Panamá. Fotos: MARTIN BERNETTI e ARNULFO FRANCO / AFP
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Um ex-presidente “de sobrenome”, um político veterano e de caráter forte, um ex-cônsul roqueiro e um ex-ministro do Canal, opositores e principalmente de centro-direita, são os quatro candidatos presidenciais, entre oito, com chances de vencer as eleições de domingo no Panamá, segundo as pesquisas.

As eleições de turno único e maioria simples acontecem no próximo domingo 5 e são marcadas pela contestação da candidatura do favorito, José Raúl Mulino (com 30% das intenções de voto), mas a três dias da votação a Justiça ainda não emitiu sua decisão.

Os outros três com chances têm entre 10% e 15% de apoio. Os quatro restantes, incluindo o dirigente José Gabriel Carrizo, rondam os 5%.

Mulino, o pupilo de Martinelli

José Raúl Mulino, de 64 anos, deixou sua fazenda e seus cavalos para acompanhar, como candidato a vice-presidente, o ex-presidente Ricardo Martinelli (2009-2014), de quem foi ministro da Segurança.

Mas Martinelli, asilado na embaixada da Nicarágua após ser condenado por lavagem de dinheiro, foi inabilitado como candidato e Mulino o substituiu.

Sua candidatura foi contestada por não ter sido eleito nas primárias e por não ter companheiro de chapa, questão sobre o qual a Justiça deve se pronunciar, sem prazo definido.

Os panamenhos não parecem culpá-lo pela repressão dos protestos por parte do governo Martinelli. Este advogado obstinado promete fechar a passagem pela perigosa selva de Darién a centenas de milhares de migrantes.

“O voto de Martinelli é o que me traz aqui”, diz o candidato dos partidos de centro-direita Realizando Metas e Aliança, que usa o slogan “Mulino é Martinelli”.

Ele também foi chanceler e ministro da Justiça. Entre 2015 e 2016, esteve em prisão preventiva por corrupção, mas foi libertado por erros processuais.

Torrijos, o filho do general

Martín Torrijos, presidente de 2004 a 2009, voltou à disputa depois de uma briga com o Partido Revolucionário Democrático (PRD), no poder, fundado pelo seu pai há 45 anos e o qual acusa de corrupção e de abandono dos ideais social-democratas.

A busca pela reeleição “foi uma decisão de consciência”, disse à AFP o filho do falecido general Omar Torrijos, o líder nacionalista que recuperou o Canal do Panamá das mãos dos americanos.

Aos 60 anos, este graduado em Economia pela Universidade do Texas A&M concorre agora com o pequeno Partido Popular (democrata-cristão).

Durante o seu governo promoveu a expansão do Canal do Panamá, que quer promover para gerar empregos, mas tem a responsabilidade de ter introduzido a empreiteira brasileira Odebrecht em obras no país. A empresa é acusada de pagar suborno na América Latina.

Torcedor do Real Madrid, tem como referência literária o colombiano Gabriel García Márquez. “Vemos esse mundo de Macondo na nossa realidade”, diz ele.

Lombana, o machado contra a corrupção

Ricardo Lombana vem aperfeiçoando há anos o seu discurso anticorrupção, em um país marcado pelo clientelismo.

Aos 50 anos, concorre pela segunda vez à Presidência, prometendo limitar o uso de fundos públicos e eliminar privilégios de altos funcionários.

“Que os corruptos se preparem porque a festa vai acabar”, disse à AFP.

Durante a campanha brandiu um machado como símbolo de sua promessa, em uma possível imitação da motosserra do presidente argentino, Javier Milei.

No seu Movimento Outro Caminho (MOCA, centro-direita) recrutou ex-funcionários e independentes, especialmente jovens e contrários à mineração.

Advogado e ex-cônsul em Washington, este torcedor do Chicago Cubs prometeu reduzir o custo da eletricidade com a instalação massiva de painéis solares.

O candidato mais jovem é admirador do falecido canadense Neil Peart, da banda de rock progressivo Rush, e combina a política com sua maior paixão: a bateria.

Roux, o ex-chanceler afastado de Martinelli

Rómulo Roux, segundo colocado nas eleições de 2019, foi ministro do Canal e chanceler no governo Martinelli.

No entanto, diante dos problemas judiciais do ex-presidente, ele bateu o pé e conseguiu tirar o controle da Mudança Democrática (centro-direita), fundada por Martinelli em 1998.

Este advogado de 59 anos, com doutorado em Miami, busca agora conquistar a Presidência em coalizão com o tradicional Partido Panamenho. Mas o seu vínculo com um escritório de advogados de mineração de cobre, que provocou protestos massivos no final de 2023, pesa sobre ele.

Se vencer, disse à AFP, não dará salvo-conduto a Martinelli para deixar a embaixada da Nicarágua: “Não vou me envolver nisso”.

Com as datas de nascimento de seus sete filhos tatuadas em um braço, ele prometeu criar 500 mil empregos e fazer reformas contra a corrupção.

Usuário do TikTok e torcedor do Real Madrid, é o candidato mais aberto à possibilidade de permitir uniões civis entre homossexuais.

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