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Os principais nomes da oposição na Ucrânia

Após queda do presidente Viktor Yanukovytch, movimento que esteve à frente dos protestos tem desafio de encontrar figura capaz de catalisar desejo de mudança e evitar divisões

Yulia Tymoshenko discursa a manifestantes na praça da Independência, em Kiev
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Após a destituição do presidente Viktor Yanukovytch, a oposição se viu alçada ao centro da política ucraniana. As eleições estão marcadas para maio. E a dúvida é qual, entre as tantas vozes que ganharam proeminência durante os protestos, vai emergir como líder do movimento.

Yulia Tymoshenko, ex-primeira-ministra

Libertada no sábado 22, depois de passar 30 meses na prisão, Yulia Tymoshenko mostrou sua habilidade retórica ao discursar para manifestantes em Kiev, afirmando que vai concorrer à presidência nas eleições previstas para maio.

Se fora eleita, seria a mais nova conquista na tumultuada carreira política de Tymoshenko, de 53 anos, iniciada em 1996 com sua eleição para o Parlamento. Formada em Economia e Engenharia, a opositora ajudou a liderar a Revolução Laranja de 2004, que derrubou Viktor Yanukovych em meio a denúncias de fraude no pleito presidencial.

Depois de um breve período como primeira-ministra em 2005, ela voltou ao cargo em 2007 durante o governo do presidente Viktor Yushchenko. Tanto ela como Yushchenko perderam a eleição presidencial de 2010 para Yanukovytch, eleito em meio à frustração do povo ucraniano com a economia do país.

As intenções de Tymoshenko, porém, podem não ser bem recebidas por parte dos manifestantes. Embora se argumente que a rivalidade política com Yanukovytch tenha sido responsável por sua condenação em 2011, muitos veem a ex-premiê como tão gananciosa e corrupta quanto o presidente deposto.

Um exemplo disso seria o fato de que, quando era chefe da empresa de energia EESU, ela teria cultivado laços com Moscou e acumulado uma fortuna. No futuro, sua vasta experiência na política ucraniana pode ser tanto uma vantagem como uma desvantagem, em especial para aqueles manifestantes que exigem uma nova era no governo do país.

Oleksander Turchinov, presidente interino

Oleksander Turchinov é normalmente visto como o segundo na escala de comando da oposição. Desde domingo 23, no entanto, ele ocupa o cargo de presidente interino da Ucrânia. Aliado próximo de Tymoshenko e vice-líder de seu partido, antes de assumir o cargo no lugar de Yanukovych, ele atuou como presidente do Parlamento.

Assim como Tymoshenko, Turchinov, de 49 anos, nasceu na cidade industrial de Dnipropetrovsk, no leste do país, e também entrou no Parlamento em meados dos anos 1990. Entre 2007 e 2010, foi vice-premiê. Visto como menos carismático e com menos ambições políticas, Turchinov também escreveu romances e já foi pastor evangélico.

Embora tenha desempenhado um papel importante nos bastidores, fortalecendo o movimento que derrubou Yanukovych, os paralelos políticos que unem o novo presidente interino a Tymoshenko podem não agradar aos manifestantes que querem dar início a uma nova era na política ucraniana.

Depois de ter seu nome anunciado no domingo para assumir o cargo, cerca de 200 pessoas fizeram um protesto contra a decisão, afirmando que o movimento das últimas semanas não deveria beneficiar Tymoshenko.

Vitali Klitschko, líder opositor

Para os que estão fora da Ucrânia, Vitali Klitschko é o rosto mais conhecido dentro do movimento de oposição, graças ao seu sucesso de longa data no boxe.

O ex-campeão mundial dos pesos pesados, de 52 anos, não é novato na arena política. Há tempos ele vem criticando Viktor Yanukovytch e, em meados dos anos 2000, Klitschko trabalhou como conselheiro do ex-presidente Viktor Yushchenko. O ex-atleta também concorreu, sem sucesso, duas vezes para o cargo de prefeito de Kiev.

Klitschko agora lidera o partido Aliança Democrática Ucraniana para Reformas. A legenda foi bem recebida pelos eleitores, atraídos por sua plataforma de lutar contra a corrupção.

Até a libertação de Yulia Tymoshenko, o ex-boxeador era visto como um dos nomes mais fortes dentro do movimento opositor para disputar as eleições presidenciais. Embora seu partido já tenha anunciado, no final do ano passado, suas ambições para ocupar a presidência, Klitschko disse no domingo que seu principal objetivo não é ocupar o cargo.

A declaração pode ser interpretada como um reconhecimento à capacidade de Tymoshenko de unificar as diversas forças dentro do movimento de oposição.

Arseniy Yatsenyuk, líder opositor

Assim como Klitschko, Arseniy Yatsenyuk também se transformou, nas últimas semanas, em um dos líderes mais influentes dentro do movimento de oposição.

Apesar da pouca idade – ele tem 39 anos – Yatsenyuk é líder do partido de Tymoshenko no Parlamento e atuou como negociador chefe durante os protestos. Com formação em Direito, o ex-ministro de Relações Exteriores da Ucrânia é, assim como Klitschko e Tymoshenko, pró-União Europeia.

Dado o papel de destaque que ele assumiu dentro da oposição, é possível que sua popularidade venha a ultrapassar a de Tymoshenko.

Quando os protestos se intensificaram e Yanukovych ainda era presidente, ele ofereceu a Yatsenyuk o cargo de primeiro-ministro, tendo Klitschko como seu vice, em uma tentativa de acalmar a revolta popular.

A oferta foi recusada por ambos opositores, e Yatsenyuk ainda afirmou que os protestos continuariam até que todas as reivindicações dos manifestantes fossem atendidas.

Oleh Tyahnybok, líder opositor

Entre as figuras mais controversas da oposição está o líder do partido Svoboda (Liberdade), Oleh Tyahnybok, cuja legenda desempenhou um papel fundamental na organização e apoio do movimento contra o governo.

O Svoboda, nacionalista e de direita, surpreendeu quando se tornou o quarto maior partido da Ucrânia no Parlamento nas eleições de 2012. O grupo político tem entre suas prioridades promover valores tradicionais e a cultura da Ucrânia, e seu líder, de 45 anos, já foi criticado no passado por fazer comentários vistos como antissemitas e racistas.

As posições polêmicas de Tyahnybok refletem as divisões dentro do movimento opositor, que se uniu com o objetivo de derrubar o governo Yanukovytch.

  • Autoria Greg Wiser (rm)
  • Edição Rafael Plaisant

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