Mundo

Os detalhes do 2º dia de Trump, após a enxurrada de decretos presidenciais

Ainda não se sabe até que ponto o republicano conseguirá concretizar seus anúncios estrondosos, devido à sua apertada maioria no Congresso

Os detalhes do 2º dia de Trump, após a enxurrada de decretos presidenciais
Os detalhes do 2º dia de Trump, após a enxurrada de decretos presidenciais
Donald Trump em cerimônia religiosa em 21 de janeiro de 2025. Foto: Charly Triballeau/AFP
Apoie Siga-nos no

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, iniciou, nesta terça-feira 21, seu segundo dia de mandato com o objetivo de aplicar a enxurrada de medidas anunciadas por decreto para enterrar o legado de Joe Biden e combater a migração ilegal.

Durante a manhã, o republicano foi à Catedral Nacional de Washington para um serviço religioso sóbrio, após a pompa e a euforia das cerimônias do dia anterior.

Mas Trump se deparou com uma surpresa. Durante um sermão, a bispa Mariann Edgar Budde citou as medidas adotadas contra os transgêneros e os migrantes em situação irregular e pediu que o republicano tenha piedade.

“Peço que tenha misericórdia, senhor presidente”, disse a bispa, que falou sobre o “medo” que, segundo ela, é sentido em todo o país. Budde destacou que “a grande maioria dos migrantes não são criminosos”. Trump franziu a testa.

Depois, voltou à política. No começo da tarde, receberá na Casa Branca os líderes republicanos do Congresso para abordar o programa dos cem primeiros dias de seu segundo mandato.

Ao longo do dia, também haverá um “anúncio importante sobre infraestruturas”, disse à Fox News a nova porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, sem entrar em detalhes.

Na noite passada, Trump pediu à sua equipe que identifique “ativamente e demita mais de mil pessoas nomeadas pela administração anterior” porque não estão alinhadas com sua “visão” dos Estados Unidos.

Ele já demitiu quatro, inclusive o famoso chef José Andrés, que reagiu na rede social X dizendo ter sido demitido na semana passada.

Aos 78 anos, Trump se tornou o presidente de mais idade a assumir o cargo na história dos EUA. Isso não o impediu de começar seu segundo mandato a todo vapor com a assinatura de decretos para cumprir promessas eleitorais, sobretudo a luta contra a imigração ilegal, o aumento da produção de hidrocarbonetos e o reconhecimento de “dois sexos” para acabar com a “loucura transgênero”.

Também começou a esmiuçar sua ofensiva anti-imigração, declarando estado de emergência nacional na fronteira com o México e permitindo mobilizar as Forças Armadas para repelir o que ele considera “uma invasão”.

Além disso, designou os cartéis como organizações terroristas estrangeiras e pretende invocar a Lei de Inimigos Estrangeiros, de 1798 para “eliminar a presença de todas as gangues”, e imporá tarifas alfandegárias de 25% ao México e ao Canadá a partir de 1º de fevereiro.

Ainda não se sabe até que ponto o republicano conseguirá realizar seus anúncios estrondosos devido à sua apertada maioria no Congresso e aos recursos judiciais esperados.

Várias ONGs já recorreram judicialmente contra a sua ordem de eliminar a cidadania por nascimento nos Estados Unidos.

Trump reiterou sua política expansionista, afirmando que os Estados Unidos retomarão o Canal do Panamá e mudarão o nome do Golfo do México para Golfo da América. Ele também está convencido de que a Dinamarca concordará com a ideia de ceder a Groenlândia.

“Era de Ouro”

“A Era de Ouro dos Estados Unidos começa agora”, declarou na segunda-feira ao ser empossado sob a cúpula do Capitólio, cercado por sua família, mas também por personalidades da extrema direita global e inúmeros bilionários, como Mark Zuckerberg (Meta), Elon Musk (SpaceX, X, Tesla) ou o francês Bernard Arnault (LVMH).

Os grandes empresários até mesmo relegaram muitos dignitários republicanos e governadores para fora da sala. Um sinal da importância que o novo presidente atribui a esses barões dos negócios.

Se alguém esperava um Donald Trump mais moderado em seu segundo mandato, se decepcionou.

Em um discurso sombrio e vingativo, Trump prometeu rapidamente atacar uma “elite corrupta e radical”, sob o olhar atento de seu antecessor, Joe Biden, que ouvia impassível.

O republicano também reverteu a política americana em relação ao aquecimento global. O bilionário declarou um estado de emergência energética para aumentar a produção de hidrocarbonetos, apesar de o país já ser o maior produtor mundial.

O segundo maior poluidor do mundo também se retirará, mais uma vez, do Acordo Climático de Paris.

Donald Trump, que há muito tempo promete “se vingar” de seus opositores políticos, perdoou da noite para o dia “mais de 1.500” de seus apoiadores que invadiram o

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo