Mundo
Os “coronacéticos” no mundo, desde os antivacinas a Bolsonaro
Grupo tem torcedores de futebol, partidários das teorias da conspiração, simpatizantes da extrema direita e até chefes de Estado
Os partidários em apressar a diminuição das restrições aplicadas contra o novo coronavírus estão furiosos diante da possibilidade de que uma segunda onda da epidemia obrigue a impor um novo confinamento na Europa e em outros lugares.
Entre torcedores de futebol, partidários das teorias da conspiração, simpatizantes da extrema direita, e até alguns chefes de Estado, esses são alguns dos grupos que protestam.
– “Os não conformistas” –
Isso ocorreu poucos dias antes da Alemanha começar a diminuí-las (20 de abril), e mesmo com o fato de que o país não impôs um confinamento estrito.
Seus apoiadores são uma mescla de pessoas que se declaram como “pensadores livres”, ativistas antivacinas, teóricos da conspiração e simpatizantes da extrema direita.
Protestam contra a “ditadura” das medidas que, segundo eles, ameaçam a liberdade garantida pela Constituição.
Cerca de 20.000 deles se manifestaram em Berlim no início de agosto, a maioria sem máscaras e sem respeitar o distanciamento social, forçando a polícia a interromper o protesto.
O movimento “Querdenken-711” (711 é o prefixo de Stuttgart) programa protestos em novos locais neste final de semana, e deve realizar outra manifestação na capital alemã em 29 de agosto.
Ainda que de pouca magnitude, esse movimento surgiu na Holanda, onde os torcedores participaram das manifestações, provocando o confronto com a polícia.
Um grupo denominado “Virus Truth”, co-dirigido pelo ex-professor de bioquímica e dança Willem Engel, reivindica o direito de questionar as decisões das autoridades da saúde.
Em Londres, dezenas de pessoas protestaram em julho contra o uso obrigatório de máscaras em lojas e supermercados britânicos. Muitos levantavam cartazes e faixas sugerindo, por exemplo, que medidas preventivas contra o novo coronavírus serviam na verdade para “controlar mentes”.
Centenas de “coronacéticos” também desfilaram na capital romena, Bucareste, portando ícones religiosos, a bandeira nacional e faixas com os dizeres “Eu acredito em DEUS, não na COVID-19”.
No último 12 de julho, dezenas de pessoas sem máscara se reuniram em Madri sob gritos de “não à ditadura”, com faixas com mensagens contra máscaras, vacinas e a 5G.
Nesse país, no entanto, a polícia dispersou rapidamente a manifestação não autorizada, uma vez que as medidas sanitárias adotadas, entre as mais rígidas da Europa, contam com amplo apoio público.
– Líderes anti-coronavírus –
Alguns líderes políticos também não escondem seu ceticismo.
O presidente Jair Bolsonaro se opôs às medidas de confinamento, apesar de testar positivo para a doença e passar três semanas em quarentena no mês passado.
Na última semana, em seu primeiro compromisso público desde a doença, ele cumprimentou uma multidão de apoiadores do Piauí, e para isso tirou a máscara.
Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump se opunha categoricamente a usar máscara até meados de julho. Muitos xerifes também fizeram oposição ao seu uso em seus respectivos condados, apesar de ser uma medida obrigatória ordenada pelos estados.
Na Itália, o líder da extrema-direita, Matteo Salvini, foi muito criticado na última semana depois de falar no Senado sem máscara, declarando que “cumprimentar com os cotovelos é o fim da raça humana”. Desde então, ele recuou na opinião, afirmando que deveria ser usada “quando necessário”.
– Mais restrições –
E, por outro lado, há também os cidadãos que tomaram as ruas para expressar sua indignação frente a incapacidade do governo de impor medidas restritivas.
A Sérvia viveu um breve, porém intenso momento de protesto no início de julho, com manifestantes que acusavam o presidente Aleksandar Vucic de ter facilitado uma nova onda de contágios por diminuir as restrições muito rápido por causa das eleições,nas quais seu partido conservador foi o vencedor.
Na Suécia, que adotou medidas mais flexíveis na luta contra a doença, vários manifestantes solicitaram medidas mais estritas.
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