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Oposição recusa auditoria sobre apuração de votos na Bolívia

Carlos Mesa considerou o acordo entre OEA e Evo Morales como ‘unilateral’ e condenou a falta de consulta ao país

Presidente da Bolívia, Evo Morales. Foto: AIZAR RALDES / AFP
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O candidato oposicionista na eleição presidencial boliviana, Carlos Mesa, recusou nesta quarta-feira (30) a auditoria acertada pelo governo boliviano com a Organização dos Estados Americanos (OEA) para investigar a apuração do pleito. Ele considerou o acordo uma decisão “unilateral” e condenou a falta de consulta com o país.

“Não aceitamos a auditoria nos termos atuais acordados unilateralmente”, disse Mesa em uma entrevista coletiva, após a confirmação oficial da investigação. Ele denuncia que o pacto “entre a OEA e o MAS (Movimento pelo Socialismo)”, de Evo Morales, não levou em conta as opiniões da sociedade boliviana nem o seu partido.

Observadores da OEA devem começar a partir desta quinta-feira uma investigação sobre a apuração dos votos da eleição presidencial ocorrida em 20 de outubro, que reelegeu Evo Morales para um quarto mandato presidencial consecutivo. O resultado desencadeou uma série de protestos violentos na capital, La Paz, e em outras cidades do país e denúncias de fraudes por parte dos opositores.

Durante a apuração, a realização de um segundo turno inédito foi cogitada quando eram divulgados anúncios dos resultados parciais, mas houve uma reviravolta e o presidente Evo Morales foi declarado vencedor do pleito, com 47,08% dos votos contra 36,51% de Mesa.

Cinco dias depois da votação, o Tribunal Superior Eleitoral confirmou a vitória de Morales com uma vantagem superior a 10 pontos sobre Carlos mesa, garantindo a vitória dele no 1° turno, como previsto nas regras eleitorais do país.

Resultado da auditoria é “vinculante”

O anúncio do acordo entre a OEA e o governo boliviano para a realização da auditoria foi feita pelo chanceler Diego Pary durante uma entrevista coletiva. O documento estipula que o resultado final da investigação é “vinculante”, ou seja, deve ser respeitado pelas duas partes, tanto pelo governo boliviano quanto pelos observadores internacionais.

O governo boliviano se comprometeu a garantir e facilitar o acesso dos observadores a todos os equipamentos e instalações, bem como às listas com os resultados oficiais.

Além das críticas do candidato derrota Carlos Mesa, outras organizações de oposição se recusaram a aprovar a auditoria. O presidente do influente comitê Pro-Santa Cruz, uma organização conservadora que reúne comerciantes, empreendedores e cidadãos, continua a pedir o cancelamento da eleição.

Mais de 40 feridos foram contabilizados, sendo cinco vítimas por arma de fogo, desde o início da semana em diversos confrontos entre os pró e contra Morales nas cidades de Santa Cruz (leste), La Paz e Cochabamba (centro).

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