Mundo
Oposição forma maioria anti-Netanyahu e Israel pode mudar de primeiro-ministro após 12 anos
Minutos antes do prazo-limite, o chefe da oposição, Yair Lapid, informou ter conseguido apoio para formar um novo governo
Após uma longa e difícil negociação entre grupos rivais, os partidos israelenses de oposição anunciaram nesta quarta-feira 2 ter montado uma frente ampla majoritária para derrotar Benyamin “Bibi” Netanyahu e colocar fim a seus 12 anos de governo.
“Eu me comprometo com o senhor presidente que este governo vai trabalhar para servir a todos os cidadãos de Israel, inclusive os que não são membros dele, vai respeitar aqueles que fizerem oposição e fará tudo o que puder para unir todas as partes da sociedade de Israel”, afirmou o centrista em uma carta ao presidente.
Para conseguir os 61 votos necessários, o centrista Yair Lapid reuniu grupos cujo único interesse em comum é o de tirar Bibi Netanyahu do poder. A aliança de conveniência tem o apoio de grupos tão diversos quanto a extrema-direita do partido Yamina, de Naftali Bennett, e um partido árabe israelense Raam, de Mansour Abbas.
Lapid e o ultranacionalista Bennett concordaram em unir suas forças e revezar o posto de primeiro-ministro, começando por um mandato de Bennett.
Alianças sob ameaça
Nos últimos dias, a pressão foi grande para evitar este acordo histórico. Representantes do partido Yamina foram classificados como “traidores” e sofreram ameaças de morte. O Knesset (Parlamento israelense) teve que reforçar a segurança de Bennett e de outro deputado ultranacionalista.
Os próximos dias não devem ser mais calmos. Para tirar Netanyahu do poder, a aliança precisará ser aprovada pelo Parlamento (Knesset), em uma votação esperada para acontecer na próxima semana.
Quinze anos no poder
Aos 71 anos, Netanyahu é o primeiro-ministro que governou Israel por mais tempo. Ele esteve à frente do poder entre 1996 e 1999 e voltou ao posto dez anos mais tarde, onde está desde então.
Julgado por “corrupção” em três casos, ele é o primeiro chefe de Governo israelense que enfrenta processos penais durante seu mandato. Caso perca a imunidade garantida por sua condição de primeiro-ministro, as ações podem levá-lo a uma punição.
Um motivo a mais para que o conservador continue sua luta para convencer legisladores a abandonarem a frente de oposição até a próxima semana.
Se a frente ampla fracassar, os israelenses terão de voltar às urnas pela quinta vez em dois anos.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.



