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Oposição em Israel propõe governo temporário para libertar reféns em Gaza, enquanto bombardeios continuam

A proposta prevê a retirada da extrema-direita do poder

Oposição em Israel propõe governo temporário para libertar reféns em Gaza, enquanto bombardeios continuam
Oposição em Israel propõe governo temporário para libertar reféns em Gaza, enquanto bombardeios continuam
O premiê de Israel, Benjamin Netanyahu – Foto: Ronen Zvulun / POOL / AFP
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O líder de um partido de oposição em Israel, Benny Gantz, fez um apelo ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, na noite de sábado 23, e a mais dois outros líderes oposicionistas para formar um governo temporário com o objetivo de libertar todos os reféns em Gaza, excluindo a extrema-direita do poder. O exército israelense declarou neste domingo 24 que suas forças estão em combate na região de Djabalia, em Gaza, nos últimos dias, para destruir túneis e reforçar o controle da área.

Desde que partidos ultraortodoxos deixaram sua coalizão em julho, Netanyahu não possui mais maioria absoluta no Parlamento e depende de seus aliados de extrema-direita, que rejeitam qualquer acordo de libertação de reféns com o Hamas e defendem a continuação da guerra até a aniquilação do movimento palestino em Gaza.

“Faço um apelo a Netanyahu, Yair Lapid e Avigdor Lieberman. É hora de formar um governo para resgatar os prisioneiros”, declarou Benny Gantz, líder do partido União Nacional (centro-direita), referindo-se à libertação dos 49 reféns, vivos ou mortos, ainda mantidos na Faixa de Gaza.

Dos reféns mantidos pelos Hamas, 27 são presumidos mortos. Eles foram sequestrados em 7 de outubro de 2023, durante o ataque do movimento islâmico palestino Hamas em território israelense, que deu início à guerra na Faixa de Gaza.

Yair Lapid, líder do principal partido de oposição, o Yesh Atid (centro), tem 24 deputados na Knesset. Lieberman, líder do partido nacionalista Israel Beiteinu, tem 8, o mesmo número que Gantz.

Com os 32 deputados do partido Likud, de Netanyahu (direita), esses três partidos poderiam formar uma coalizão com maioria de 72 cadeiras no Parlamento, que tem um total de 120 assentos.

Israel bombardeia subúrbios de Gaza; incêndios e pânico entre civis

Na noite de sábado para domingo, aviões e tanques israelenses bombardearam os subúrbios leste e norte da cidade de Gaza, destruindo prédios e casas, segundo relatos de moradores. Testemunhas disseram ter ouvido explosões durante toda a noite nas regiões de Zeitoun e Shejaia, enquanto tanques atacavam casas e ruas no bairro vizinho de Sabra, e vários edifícios explodiam na cidade de Djabalia.

Segundo as Forças de Defesa de Israel (Tsahal), essa operação “permite a expansão dos combates para novas áreas e impede que os terroristas do Hamas voltem a operar nessas zonas”.

Israel aprovou neste mês um plano para tomar o controle da cidade de Gaza, descrita como o último reduto do Hamas. Esse plano, no entanto, só deve entrar em vigor dentro de algumas semanas, para dar tempo aos mediadores do Egito e do Catar tentarem retomar as negociações de cessar-fogo entre as partes.

O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, prometeu neste domingo continuar a ofensiva, gerando preocupação na comunidade internacional e entre setores da oposição israelense.

Na sexta-feira 22, Katz declarou que a cidade de Gaza seria destruída caso o Hamas não aceitasse encerrar a guerra nos termos exigidos por Israel e libertar os reféns que ainda mantém em cativeiro.

Cerca de metade dos dois milhões de habitantes da Faixa de Gaza vive atualmente na cidade de Gaza. Alguns milhares já deixaram a cidade, carregando seus pertences em veículos e meios de transporte improvisados.

Outros dizem que não partirão, aconteça o que acontecer. “Não vamos sair, que nos bombardeiem em casa”, declarou Aya, de 31 anos, mãe de uma família de oito pessoas, acrescentando que sua família não tem condições de comprar uma barraca nem de pagar transporte, mesmo que quisessem fugir. “Estamos com fome, com medo e sem dinheiro”, completou.

A ONU declarou na sexta-feira que há fome severa na cidade de Gaza e arredores, uma afirmação rejeitada por Israel.

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