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Oposição de Honduras denuncia fraude e pede fim do estado de sítio

Salvador Nasralla, da Aliança contra a Ditadura, afirma que o toque de recolher busca desviar a atenção da manipulação do resultado das eleições

Nasralla, candidato da oposição, exige a recontagem dos votos
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Salvador Nasralla, candidato da Aliança da Oposição contra a Ditadura, acusou o seu concorrente, o presidente Juan Orlando Hernández, de decretar o estado de sítio como parte da fraude eleitoral que lhe deu a vitória nas eleições do domingo passado.

Pelas contas do Tribunal Supremo Eleitoral de Honduras, o presidente da República e candidato à reeleição Juan Orlando Hernández, do Partido Nacional, venceu as eleições presidenciais do domingo 26 com 42,92% dos votos contra 41,42% do candidato da oposição Salvador Nasralla.

Nasralla aponta, porém, fraude eleitoral. Durante a apuração das urnas, quando a oposição liderava a contagem de votos, os computadores da Justiça Eleitoral entraram em pane. Cinco horas depois, quando os computadores voltaram a funcionar, o atual presidente da República passou a liderar a apuração até vencê-la com a estreita margem de 1,5%, num pleito que não prevê segundo turno.

Depois que a Aliança da Oposição contra a Ditadura convocou uma manifestação de protesto, que provocou saques e confrontos com a polícia, além da morte da estudante Kimberly Dayana Fonseca, de 19 anos, o governo de Honduras decretou na sexta-feira 1o estado de sítio com toque de recolher durante 10 dias.

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“Tudo isso, para seguir manipulando o processo eleitoral e dar como vencedor das eleições o presidente da República. Isso é uma injustiça”, afirmou Nasralla em comunicado para a imprensa. “São manobras do governo para semear o pânico, criar o caos e fazer com que o eleitor acredite que somos nós, da Aliança da Oposição, que estamos causando esses tumultos. Não é verdade. Senhores do governo, respeitem a vontade do povo para que Honduras possa voltar à calma”.

A oposição exige não somente a suspensão do estado de sítio, mas a verificação de 5.174 atas das seções eleitorais, enquanto o Tribunal Supremo Eleitoral anuncia que somente 1.006 atas que apresentaram irregularidades serão verificadas.

Até então, em Honduras, a reeleição de um presidente da República era proibida pela Constituição. Por conta de um referendo para mudar esse artigo da Constituição, o ex-presidente José Manuel Zelaya foi destituído por um golpe militar em 2009. 

Agora, o mesmo grupo que o destitui, o Partido Nacional, conseguiu que a Suprema Corte de Honduras, com juízes apontados pelo atual governo, autorizasse a reeleição do presidente Juan Orlando Hernández.

Na eleição, Juan Orlando Hernández, 49 anos, concorreu com Salvador Nasralla, 64 anos, o mais popular apresentador de TV de Honduras, que lidera a Aliança da Oposição contra a Ditadura, um grupo que tem o apoio do destituído José Manuel Zelaya.

As fraudes eleitorais fazem parte da recente história política de Honduras. Como diz analista político hondurenho Carlos Hernández da Associação por um país mais justo, “só o que muda é a magnitude da fraude”.  

 
RFI Radio France Internationale

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