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ONU pede a talibãs fim das ‘terríveis’ restrições impostas às mulheres

Nos últimos meses, os talibãs intensificaram o cerco às mulheres, excluindo-as de empregos públicos e proibindo-as de acessar parques, jardins, academias, ou banhos públicos

Protesto de mulheres é dispersado com violência no Afeganistão. Foto: Wakil Kohsar/AFP
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O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, exortou os talibãs, nesta terça-feira 27, a acabar com as “terríveis restrições” impostas às mulheres no Afeganistão.

“Nenhum país pode se desenvolver — ou sobreviver — social e economicamente quando metade de sua população é excluída”, disse Türk, em um comunicado.

“Essas restrições inimagináveis impostas às mulheres e às meninas não apenas aumentarão o sofrimento de todos os afegãos, mas, temo, representarão um risco além das fronteiras do Afeganistão”, advertiu.

O alto comissário alertou ainda que as políticas implementadas pelos fundamentalistas islâmicos, que voltaram ao poder em agosto de 2021, correm o risco de desestabilizar a sociedade afegã.

Nos últimos meses, os talibãs intensificaram o cerco às mulheres, excluindo-as de empregos públicos e proibindo-as de acessar parques, jardins, academias, ou banhos públicos.

As mulheres também não podem viajar sozinhas, ingressar nas universidades, ou cursar o Ensino Médio.

“Convoco as autoridades ‘de facto’ a garantirem o respeito e a proteção dos direitos de todas as mulheres e meninas: de serem vistas, ouvidas, e de participarem e contribuírem em todos os aspectos da vida social, política e econômica do país”, insistiu Türk.

No último sábado 24, o governo talibã proibiu as organizações não-governamentais de empregarem mulheres, sob pena de perder sua autorização para operar no país.

Neste contexto, seis ONGs anunciaram que vão suspender suas atividades no Afeganistão. As organizações são: Save the Children, Conselho Norueguês para os Refugiados, CARE International, Comitê Internacional de Resgate (IRC), Christian Aid e ActionAid.

Para todas essas proibições, as autoridades alegam que as mulheres não respeitaram o código de vestimenta, que as obriga a cobrirem o rosto e o corpo inteiro.

“Este último decreto das autoridades ‘de facto’ terá consequências terríveis para as mulheres e para todos os afegãos”, enfatizou Türk.

“Proibir as mulheres de trabalharem para ONGs irá privá-las, assim como suas famílias, de sua renda e de seu direito de contribuírem positivamente para o desenvolvimento de seu país e para o bem-estar de seus concidadãos”, continuou.

A nova restrição imposta às ONGs “vai prejudicar significativamente, se não destruir, a capacidade dessas organizações de prestarem serviços essenciais, dos quais tantos afegãos vulneráveis dependem”, lamentou Türk.

De acordo com as Nações Unidas e com agências de ajuda humanitária, mais da metade dos 38 milhões de habitantes do país precisam de assistência urgente durante o rigoroso inverno.

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