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ONU aponta possíveis crimes de guerra em Gaza

Relatório divulgado pelas Nações Unidas denuncia que os dois lados cometeram sérias violações dos direitos humanos no conflito de 2014. “Extensão da devastação foi sem precedentes”, diz documento.

ONU aponta possíveis crimes de guerra em Gaza
ONU aponta possíveis crimes de guerra em Gaza
O documento mostra que Israel efetuou mais de 6 mil ataques aéreos e disparou 50 mil projéteis de artilharia
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Um relatório divulgado nesta segunda-feira 22 pelas Nações Unidas aponta que tanto Israel quanto grupos armados palestinos cometeram sérias violações dos direitos humanos durante o último conflito na Faixa de Gaza, em 2014. As ações de ambos os lados, segundo o texto, podem configurar crimes de guerra.

Mais de 2,1 mil palestinos morreram nos ataques, um terço deles, crianças. Israel registrou 73 vítimas, a maioria soldados, durante as sete semanas de bombardeio, entre julho e agosto do ano passado.

“A extensão da devastação e do sofrimento humano em Gaza foi sem precedentes e terá impacto sobre as gerações futuras”, disse em comunicado a presidente da Comissão Independente de Inquérito da ONU, Mary McGowan Davis.

O documento mostra que Israel efetuou mais de 6 mil ataques aéreos e disparou 50 mil projéteis de artilharia. Já os grupos armados palestinos, sobretudo o Hamas, soltaram quase 5 mil mísseis e mais de 1,7 mil morteiros.

A ONU denuncia “a impunidade que prevalece em todos os níveis” em Israel e apela para que o país julgue os responsáveis. A organização também lamenta que as autoridades palestinas tenham “sempre falhado” na hora de punir os que violam as leis internacionais.

A comissão também expressa “preocupação com a ampla utilização de armas letais por Israel” e critica o disparo “indiscriminado” de milhares de foguetes a partir dos territórios palestnios para “espalhar terror” entre os civis israelenses.

Israel foi contrário à investigação da ONU e proibiu a entrada da comissão de inquérito nos territórios palestinos. A comissão recolheu os testemunhos por teleconferência e chamadas de telefone.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, criticou o relatório e disse que seu país não cometeu crimes de guerra. “Este organismo condena Israel mais do que Irã, Síria e Coreia do Norte juntos”, assegurou Netanyahu. “Israel não comete crimes de guerra. Se defende de uma organização terrorista assassina que pede sua destruição e que perpetrou muitos crimes de guerra.”

O Hamas, por outro lado, aplaudiu a divulgação do relatório. “Essa condenação franca pede um novo passo para levar os líderes da ocupação [Israel] ao Tribunal Penal Internacional e a outras cortes internacionais para processá-los pelos crimes cometidos contra o nosso povo.”

A divulgação do relatório das Nações Unidas estava programada para março. O lançamento foi adiado para junho, depois de o presidente da comissão de investigação pedir demissão, pressionado por Israel.

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