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ONU acusa Israel por ataque a escola na Faixa de Gaza

Segundo o comissário de agência para refugiados palestinos, o bombardeio que matou ao menos seis crianças é violação de leis internacionais

Cercado por animais mortos, garoto palestino cuida de cavalo ferido no ataque à escola Abu Hussein, nesta quarta-feira 30. Segundo a ONU, o bombardeio foi realizado por Israel
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A Unrwa, agência das Nações Unidas para refugiados palestinos, acusou nesta quarta-feira 30 as Forças Armadas de Israel por um ataque a uma escola da ONU no campo de refugiados de Jabalia, na Faixa de Gaza, classificando o episódio como uma “afronta”, “fonte de vergonha universal”. O jornal espanhol El País confirmou 16 mortos, entre eles seis crianças e dois funcionários da agência, mas a Reuters fala em 19 mortos.

Em comunicado divulgado em seu site oficial, a Unrwa diz ter analisado os fragmentos da munição utilizada, bem como as crateras deixadas, e afirma que sua avaliação inicial indica a artilharia israelense como responsável pelo ataque, feito com ao menos três projetis. Uma sala de aula e a escadaria do prédio que abriga a escola elementar para garotas Abu Hussein foram atingidas por volta das 4h30 da manhã (horário local), segundo o jornal The New York Times. Um parque adjacente ao edifício, em que estavam animais deixados pelas pessoas abrigadas na escola, também foi atingido.

Pierre Krahenbuhl, comissário-geral da agência, frisou que as cerca de 3,3 mil pessoas que estavam no local tinham sido instruídas por Israel a deixar suas casas, localizadas em áreas entendidas como alvo. “A localização precisa da escola e o fato de que estava abrigando milhares de pessoas deslocadas internamente foi comunicada ao exército de Israel 17 vezes, para garantir a proteção deles”, afirmou Krahenbuhl. “A última se deu às 20h50 da noite passada, apenas horas antes do bombardeio”, afirmou. À agência Reuters, um porta-voz das Forças Armadas de Israel disse que militantes lançaram morteiros da vizinhança da escola e as tropas atiraram de volta em resposta. O “incidente” estaria sob investigação, disse o porta-voz.

Para a Unrwa, a ação foi ilegal. “Eu condeno nos termos mais fortes possíveis esta grave violação do direito internacional por parte das forças israelenses”, afirmou Krahenbuhl. “Saímos do domínio da ação humanitária e estamos no domínio da responsabilização”, disse. “Peço à comunidade internacional que tome ações políticas para colocar um fim imediato à contínua carnificina”. Este é o segundo massacre em uma escola na ONU. Na semana passada, um colégio em Beit Hanoum foi bombardeado, deixando 16 mortos. Israel negou o ataque e atribuiu a facções palestinas.

O campo de refugiados de Jabalia é a região mais densamente populada da Faixa de Gaza e, nos últimos dias, está ainda mais cheio, pois se tornou ponto de atração de milhares de palestinos que deixaram suas casas em meio ao confronto entre Israel e o Hamas, iniciado em 8 de julho. Desde a terça-feira 29, a região vem sendo bombardeada.

Em tempos normais, as escolas mantidas pela Unrwa prestam serviços a cerca de 70% da população de 1,7 milhão de pessoas da Faixa de Gaza, todas refugiadas, ou descendentes de refugiados, dos conflitos de 1948 e 1967. Atualmente, 85 das escolas da agência abrigam 200 mil pessoas que deixaram suas casas por conta da ofensiva israelense e não podem deixar a Faixa de Gaza pois as fronteiras são fechadas por Israel e pelo Egito.

Desde 8 de julho, a Unrwa encontrou foguetes em três de suas escolas vazias, possivelmente pertencentes ao Hamas, acusado de usar instalações civis para guardar armas, o que configura crime de guerra. Nas duas primeiras vezes, a Unrwa entregou os armamentos às forças de segurança da Faixa de Gaza, ligadas ao Hamas, o que gerou inúmeras críticas. Há armas em uma terceira escola, à qual a agência ainda não teve acesso por conta do conflito, mas eles não serão entregues às autoridades local. Ao The New York Times, a Unrwa informou que vai isolar a área.

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