ONU aceita debate sobre mudança na luta contra as drogas

Diversos líderes latino-americanos afirmaram que o modelo repressivo está esgotado e gerou apenas violência

Diretor-executivo do Bureau das Nações Unidas contra as Drogas e o Crime (UNODC), Yuri Fedotov, em Bogotá, dia 27. Foto: Eitan Abramovich / AFP

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NOVA YORK (AFP) – A ONU afirmou na sexta-feira 28 que a organização está pronta para “facilitar” o debate sobre a revisão da estratégia de combate ao narcotráfico proposta por vários países da América Latina durante a Assembleia Geral das Nações Unidas. “Estamos prontos para facilitar este debate diante da posição de vários estados-membros em diferentes foros”, disse o diretor-executivo do Bureau das Nações Unidas contra as Drogas e o Crime (UNODC), Yuri Fedotov.

Durante a Assembleia Geral da ONU esta semana, em Nova York, vários presidentes latino-americanos pediram a revisão da estratégia contra as drogas e a busca de alternativas. “O pedido de muitos presidentes da América Latina à ONU para facilitar um debate baseado em evidências sobre o impacto das políticas antidrogas atuais não é apenas legítimo, mas está na linha do que a UNODC faz”, afirmou Fedotov.

O presidente mexicano, Felipe Calderón, um dos líderes mais destacados do combate frontal ao narcotráfico, desafiou a ONU na quarta-feira a liderar uma discussão aberta sobre a questão: “as Nações Unidas não apenas devem participar, mas sim liderar uma discussão à altura do século XXI, sem preconceitos, que leve todos a encontrar soluções com enfoques novos e eficientes”.

A ONU “deve examinar com honestidade, com rigor acadêmico e responsabilidade global quais podem ser estas alternativas, especialmente alternativas regulatórias e de mercado, que nos permitam saber se são realmente ou não alternativas”, disse Calderón, acrescentando que o “enfoque repressor” produz enormes somas em dinheiro para os criminosos.

As Nações Unidas defendem um “enfoque equilibrado do tema das drogas sobre os pilares fundamentais da saúde e dos direitos humanos”, destacou Fedotov, acrescentando que as duas próximas reuniões sobre drogas, no mês de outubro, em Roma, e em março, na cidade de Viena, serão oportunidades para avançar na discussão.

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