Mundo
OMS pede que países investiguem casos retroativos de pneumonia para rastrear covid-19
Novos testes na França sugerem que coronavírus chegou à Europa em dezembro, ao menos um mês antes do que se pensava


A Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu nesta terça-feira 05 que países investiguem casos de pneumonia que podem ser considerados suspeitos de covid-19 ocorridos antes dos primeiros confirmados, após relatos de que a doença teria surgido na França em dezembro, bem antes do que se pensava.
Autoridades chinesas reportaram a doença causada pelo novo coronavírus – mais tarde batizados de covid-19 e Sars-Cov-2, respectivamente – no dia 31 de dezembro. Até agora, acreditava-se que o coronavírus não tinha chegado à Europa antes de janeiro.
Um hospital francês realizou testes em amostras datadas de 27 de dezembro retiradas de pacientes com pneumonia e concluiu que um deles já estava contaminado pelo coronavírus quase um mês antes de o governo confirmar os primeiros casos no país, no dia 24 de janeiro. Isso pode significar que a doença chegou mais cedo à Europa do que se imaginava.
“Isso proporciona uma nova visão sobre tudo”, disse o porta-voz da OMS Christian Lindmeier em Genebra. “A descoberta nos ajuda a compreender melhor a potencial circulação da covid-19”, afirmou. Ele acredita que outros possíveis casos precoces como o da França poderão surgir após novos testes.
O paciente Amirouche Hammar foi hospitalizado no final de dezembro. No último domingo, o médico Yves Cohen, que o atendeu, realizou um novo teste em uma amostra de sangue e confirmou a presença do coronavírus Sars-Cov.2. Ele disse que fez o teste duas vezes, para ter certeza.
Hammar contou em entrevista a uma rede de televisão que vinha sofrendo de dores no peito e dificuldades para respirar. Com a piora do quadro, ele se dirigiu a um hospital em Bobigny, próximo a Paris. “Disseram-me que talvez tivesse uma infecção no pulmão, e que era muito grave”, recordou.
Lindmeier, da OMS, exortou outros países a verificar os registros de casos de pneumonia de origem não especificada feitos no final de 2019 e ressaltou que isso poderá fornecer uma “nova e clara perspectiva” sobre a pandemia.
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