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Ofensiva dos EUA contra Irã teve impacto negativo no exterior, avalia Reginaldo Nasser

Professor de Relações Internacionais da PUC-SP aponta petróleo, localização estratégica e política interna como possíveis motivos de ataque

Ofensiva dos EUA contra Irã teve impacto negativo no exterior, avalia Reginaldo Nasser
Ofensiva dos EUA contra Irã teve impacto negativo no exterior, avalia Reginaldo Nasser
Em funeral do general iraniano Qassim Suleimani, milhares pediram vingança contra os Estados Unidos. Foto: AHMAD AL-RUBAYE/AFP
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Nem bem começou o ano novo e os Estados Unidos já realizaram uma de suas maiores ofensivas recentes contra o Irã. Sob comando de Donald Trump, o exército americano planejou e executou uma operação no Iraque que culminou com a morte de um dos principais líderes iranianos, o militar Qassim Soleimani, considerado por muitos como a segunda pessoa mais poderosa do país, à frente do presidente Hassan Rohani e atrás somente do líder supremo Ali Khamenei.

Desde então, muitas teorias começaram a ser levantadas sobre o real motivo que teria levado o governo americano a matar Soleimani, uma vez que, oficialmente, a justificativa foi a de que ele era terrorista e que representava risco aos EUA, sem maiores detalhes. Para o professor de Relações Internacionais da PUC-SP, Reginaldo Nasser, existem vários motivos que podem ter justificado o ataque.

Para ele, a vasta oferta de petróleo e a boa localização geográfica, com acesso ao Golfo Pérsico, são alguns dos principais motivos para atacar o Irã, que, desde o fim da primeira guerra, é um território disputado por grandes potências. “A Rússia invadiu o norte e os britânicos o sul do país. Depois da segunda guerra é que entra os EUA. É um século de disputa por esse território”, relembra.

Além destes motivos históricos, o professor também acredita que o momento político americano tenha sido um motivo para realizar a ofensiva. “As ações bélicas da presidência dos EUA sempre levam em conta as relações domésticas e internacionais. No caso, não há como não relacionar com duas questões internas: o processo de impeachment de Donald Trump e eleições presidenciais que estão por vir”, cita.

 

O resultado interno da operação militar no Iraque ainda deverá ser medido nas próximas pesquisas de opinião, mas internacionalmente o resultado já é negativo. “No país, o impacto ainda é incerto, mas no exterior já está claro: os principais aliados dos americanos não apoiaram a ação. Eles também não criticaram, mas não houve apoio”, comenta o professor.

Já sobre o posicionamento do Brasil diante da questão, Reginaldo Nasser avalia que foi muito negativo. Logo após o ataque, o Itamaraty emitiu uma nota pedindo uma ação global contra o terrorismo. “Foi irresponsável, sem sentido e contraditório. Como eu digo que o general de um país com quem eu tenho relação é terrorista? Até agora ninguém fez o que o Brasil fez”, pontua.

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