Mundo
Chanceler do Suriname é eleito secretário-geral da OEA
A escolha, porém, é marcada por preocupação após silêncio da administração de Donald Trump sobre a votação
O ministro das Relações Exteriores do Suriname, Albert Ramdin, foi eleito secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) nesta segunda-feira 10.
O diplomata de carreira tornou-se o primeiro caribenho a liderar a organização.
Dominica e Peru pediram que a votação fosse por aclamação dos 34 países com direito a voto durante uma assembleia-geral extraordinária da organização realizada em Washington.
Ramdin foi parabenizado com aplausos e convidado a sentar-se à mesa principal, ao lado de Luis Almagro, cujo mandato termina em 25 de maio após uma década.
Ramdin, de 67 anos, conhece bem os meandros da OEA e trabalhou como secretário-adjunto de 2005 a 2015, uma experiência que o ajudou a ganhar apoio.
O surinamês era o único candidato desde a desistência nesta semana do outro concorrente, o chanceler paraguaio Rubén Ramírez, devido, segundo o presidente Santiago Peña, à mudança “abrupta e inexplicável” de posição dos “países amigos”.
Ramdin, portanto, faz um grande retorno com ideias reformistas para enfrentar tempos “muito desafiadores” para uma organização que foi acusada algumas vezes de inércia e que está atolada em problemas financeiros.
Ele liderará a OEA em meio ao turbilhão reformista nos Estados Unidos, alimentado desde que o republicano Donald Trump retornou à Casa Branca, em 20 de janeiro.
O magnata republicano retirou seu país, um dos principais contribuintes financeiros da OEA, de organizações internacionais como a Organização Mundial da Saúde e pediu ao seu assessor Elon Musk, o homem mais rico do mundo, que cortasse drasticamente os gastos federais.
Ramdin terá de lidar com crises regionais, como a da Nicarágua, que saiu da OEA; a da Venezuela, que, assim como Cuba, não participa da organização; e a do Haiti.
Também enfrentará a longa sombra da China, um observador sem direito a voto, que paira sobre a organização criada em 1948 para promover a cooperação e uma agenda regional comum sobre direitos humanos, segurança, desenvolvimento e defesa da democracia.
A ameaça dos Estados Unidos de impor tarifas sobre seus parceiros testará suas habilidades de negociação.
“A OEA tem um papel significativo, relevante e útil a desempenhar” nas crises que abalam o continente em termos de eleições, segurança, migração e mudança climática, Randim disse recentemente ao centro de estudos Atlantic Council, com sede em Washington.
“Não queremos nos enredar em uma situação geopolítica global”, mas garantir que o continente “permaneça pacífico, livre de guerras, livre de conflitos”, acrescentou.
Nos últimos anos, houve divergências sobre como lidar com as crises globais, como a guerra na Ucrânia, e até mesmo regionais, já que alguns países preferem se distanciar e permanecer neutros.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.


