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OEA responsabiliza Venezuela e Cuba por protestos em países da América

Em nome dos direitos humanos, associação se dispõe a ‘fazer frente à desestabilização’ estimulada pelas ‘ditaduras venezuelana e cubana’

Foto: Luis Robay/AFP
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A Organização dos Estados Americanos (OEA) culpou Venezuela e Cuba pela desestabilização em países do continente, como Colômbia e Equador. A declaração ocorreu em nota publicada em 16 de outubro.

Nas últimas semanas, equatorianos e colombianos realizaram protestos contra os presidentes Lenín Moreno e Iván Duque, que estão no poder nesses países, respectivamente. Chile, Peru e Bolívia também entraram na rota de turbulências na América do Sul.

Para a OEA, Venezuela e Cuba incentivam a polarização para promover o conflito político em países vizinhos. A associação reúne 35 países da região.

“As atuais correntes de desestabilização dos sistemas políticos do continente têm origem na estratégia das ditaduras bolivariana e cubana, que buscam novamente se reposicionar, não através de um processo de reinstitucionalização e redemocratização, e sim através da velha metodologia de exportar polarização e más práticas, mas essencialmente financiar, apoiar e promover o conflito político e social”, publicou a organização.

A associação escreve que as “brisas bolivarianas” trazem desestabilização, violência, narcotráfico, morte e corrupção, e que “não são bem-vindas” no Ocidente. O argumento é de que o governo da Venezuela, com a ajuda de Cuba, financia movimentos sociais e campanhas políticas e utiliza sofisticadas estruturas de cooptação, repressão e propaganda midiática.

“Condenamos firmemente a ameaça de exportar más práticas e desestabilização à Colômbia, realizada pela ditadura bolivariana”, publicou a OEA. Em outro trecho, a associação diz que “a crise no Equador é uma expressão das distorções que as ditaduras venezuelana e cubana têm instalado nos sistemas políticos do continente”.

A OEA anunciou ainda que, em nome da defesa dos princípios democráticos e dos direitos humanos, mantém-se à disposição dos estados em seus esforços para “fazer frente aos fatores de desestabilização organizados pela ditadura venezuelana e cubana”.

Erupção sulamericana

Na última semana, colombianos se manifestaram em Bogotá, capital do país, contra a corrupção na educação e as reformas trabalhista e previdenciária. Estudantes e trabalhadores realizaram uma grande greve geral e enfrentaram fortes embates com a polícia. Os manifestantes acusam o governo de Iván Duque de aplicar uma política econômica que inclui cortes nos gastos do Estado, acordos de livre comércio e aumento de impostos, que resulta na perda de direitos para trabalhadores e aposentados.

Outra exigência é que o governo colombiano retome os acordos de paz firmados em 2016 com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e que interrompa as medidas de perseguição a líderes sociais. Segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e para a Paz (Indepaz), organização não-governamental colombiana fundada há 35 anos, entre setembro de 2016 e setembro de 2019, 777 líderes sociais e ativistas de direitos humanos foram assassinados.

No Equador, manifestações eclodiram em outubro contra o pacote de austeridades econômicas do presidente Lenín Moreno. O movimento indígena teve forte influência nos protestos. Na quinta-feira 23, o presidente da Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), Jaime Vargas, anunciou a suspensão do diálogo com o governo, porque, segundo ele, Moreno e o aparato do Estado estão perseguindo as lideranças dos movimentos sociais. “Não podemos estar na mesa enquanto nos perseguem”, afirmou, em coletiva de imprensa.

Já os protestos chilenos ocorreram após o aumento do preço das passagens no metrô da capital Santiago. Populares também expressam descontentamento com as desigualdades econômicas: o país é o mais desigual entre os membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com índice de Gini registrado em 0,52 em 2015, enquanto a média do clube de países é de 0,32 (quanto mais próximo de 1, mais desigual). A organização agrega 37 países, sendo que a Colômbia foi a última nação anunciada pelo grupo.

O caso peruano diz respeito à dissolução do Congresso, em 30 de setembro, pelo presidente Martín Vizcarra. O parlamento, horas depois, aprovou a suspensão do mandato de Vizcarra por um ano e nomeou a vice-presidente, Mereces Aráoz, como chefe interina. Na Bolívia, manifestações decorrem das eleições presidenciais, disputadas pelo atual presidente Evo Morales e o candidato da oposição, Carlos Mesa. A oposição acusa o processo eleitoral de fraude, enquanto manifestantes favoráveis a Morales denunciam tentativa de golpe de Estado.

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