Mundo

OEA rejeita resolução sobre a eleição na Venezuela; Brasil se abstém

O documento obteve 17 votos a favor, nenhum voto contrário e 11 abstenções entre os Estados que participaram da reunião extraordinária

OEA rejeita resolução sobre a eleição na Venezuela; Brasil se abstém
OEA rejeita resolução sobre a eleição na Venezuela; Brasil se abstém
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em 31 de julho de 2024. Foto: Federico Parra/AFP
Apoie Siga-nos no

O Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos, a OEA, rejeitou nesta quarta-feira 31 uma resolução para exigir transparência ao governo da Venezuela sobre as eleições de domingo, que deram vitória a Nicolás Maduro,

O projeto de resolução da organização de 34 países americanos obteve 17 votos a favor, nenhum voto contrário e 11 abstenções entre os Estados que participaram da reunião extraordinária.

Cinco países, incluindo a Venezuela, rejeitaram a convocação do conselho.

Entre os que se abstiveram destacam-se Brasil e Colômbia, que haviam pedido ao governo Maduro a publicação das atas eleitorais de domingo para esclarecer qualquer dúvida sobre o pleito.

A reunião começou com mais de duas horas e meia de atraso por desencontros sobre uma frase do projeto de resolução, lamentou o presidente do Conselho Permanente, Ronald Sanders, sem dar detalhes.

A proposta exigia, entre outras coisas, que o Conselho Nacional Eleitoral “publicasse imediatamente os resultados das eleições presidenciais de cada centro de votação”, bem como “uma verificação integral dos resultados na presença de observadores internacionais para garantir a transparência, credibilidade e legitimidade” do pleito.

‘Envergonhado’

Maduro ofereceu nesta quarta-feira entregar “100% das atas” eleitorais e afirmou que os líderes opositores que denunciam fraude “devem estar atrás das grades”.

Os líderes da oposição, María Corina Machado e seu candidato presidencial, Edmundo González Urrutia, alegam que ganharam as eleições e denunciam uma escalada da repressão que deixou, desde segunda-feira, pelo menos 12 mortos e dezenas de feridos, além de mais de 1.000 detidos, segundo o governo.

Os 17 países que votaram a favor da resolução do Conselho Permanente foram: Argentina, Canadá, Chile, Costa Rica, Equador, El Salvador, Estados Unidos, Guatemala, Guiana, Haiti, Jamaica, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Suriname e Uruguai.

E as 11 abstenções foram de Antígua e Barbuda, Barbados, Belize, Bolívia, Brasil, Colômbia, Dominica, Granada, Honduras, São Cristóvão e Neves, e Santa Lúcia. Entre os países que não compareceram à reunião destaca-se o México.

Chanceleres de países a favor da resolução lamentaram a sua rejeição. O do Peru, Javier González-Olaechea, foi o que se mostrou mais indignado.

“Depois nos perguntamos por que nossos cidadãos, principalmente nossos jovens, não acreditam nos políticos”, declarou. “Todos aqui, incluindo os ausentes e os que se abstiveram, votaram a favor da Carta Democrática [da OEA], instrumento pensado para abortar os regimes que querem se perpetuar no poder.”

Seu colega uruguaio, Omar Paganini, também fez duras críticas: “Não compreendemos como não há acordo sobre uma resolução tão clara, sobre temas tão básicos. Este organismo deveria estar hoje muito envergonhado.”

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo