A estrada serpenteia pela costa mediterrânea no extremo sul da província turca de Hatay, enquanto aparece no horizonte o contorno do que parecem ser morros. À medida que nos aproximamos, ficam claras, porém, as montanhas de entulho, tão grandes que têm sua própria topografia. As máquinas pesadas que separam os destroços emperram nas muitas fendas. Uma fina nuvem de poeira branca sobe por trás de uma garra mecânica a arrancar metal valioso do concreto. A nuvem tóxica paira sobre os restaurantes à beira-mar nas proximidades, bem como sobre um acampamento para desabrigados pelos terremotos mortais de fevereiro.
“A montanha é uma ameaça. Ela contém amianto, e ainda há pedaços de corpos lá dentro”, afirma Yilmaz Can, dono de um restaurante de sopas. Moradores do acampamento de contêineres, a poucos metros do monte de entulho, dizem que pararam de sair à noite, quando chegam mais máquinas para peneirar os destroços. Elas levantam mais poeira, que engole o acampamento e causa infecções oculares e dificuldades respiratórias.
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