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O que se sabe sobre a reforma ministerial na Ucrânia
As mudanças no governo de Volodymyr Zelensky devem ser anunciadas até quinta-feira 17


O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou nesta semana uma reforma ministerial, uma estratégia que busca dar um novo impulso ao Executivo e que inclui a substituição do primeiro-ministro e do titular de Defesa após mais de três anos de guerra com a Rússia.
Os legisladores e analistas políticos esperam que o Parlamento se pronuncie nesta quarta-feira 16 e que as nomeações sejam confirmadas na quinta.
Confira os principais pontos da reforma do governo ucraniano, no momento em que as negociações com a Rússia para um cessar-fogo permanecem estagnadas e os Estados Unidos prometem manter o apoio à Ucrânia.
Uma primeira-ministra com vínculos com EUA
O presidente propôs que a ministra da Economia, Yulia Sviridenko, substitua Denis Shmigal como primeira-ministra.
Sviridenko concluiu o acordo com os Estados Unidos sobre os recursos naturais ucranianos, que quase provocou uma ruptura nas relações entre os dois países.
“Ela foi a pessoa-chave e a única que liderou estas negociações. Ela conseguiu evitar o fracasso”, afirmou Timofiy Milovanov, ex-ministro da Economia que trabalhou com Sviridenko.
Vários analistas destacaram que a ministra ganhou o respeito dos interlocutores americanos, incluindo funcionários de alto escalão do governo.
Yulia Sviridenko, 39 anos, também tem a confiança dos empresários ucranianos por sua gestão da economia em um país em guerra, ressaltou o presidente da Câmara de Comércio Americana, Andy Hunder.
O novo embaixador nos Estados Unidos
Zelensky indicou que o atual ministro da Defesa, Rustem Umerov, que participou das negociações com a Rússia, será o embaixador nos Estados Unidos.
“A Ucrânia precisa de uma dinâmica mais positiva em seus vínculos com os Estados Unidos e, ao mesmo tempo, dar novos passos na gestão do setor de defesa”, declarou o mandatário ucraniano a Umerov em uma reunião na semana passada.
O presidente americano, Donald Trump, criticou abertamente a política de seu antecessor, Joe Biden, de entregar bilhões de dólares em ajuda à Ucrânia, mas aceitou que os membros da Otan comprem armamento para Kiev.
Para o analista Volodimir Fesenko, isto significa que “a questão-chave nas relações bilaterais entre Estados Unidos e Ucrânia neste momento são as armas”.
“A segunda questão: as negociações para acabar com a guerra. Umerov participou de ambas”, acrescentou.
O primeiro-ministro ainda no cargo, Denis Shmigal, com um perfil mais tecnocrata, assumirá a pasta da Defesa, apontou Zelensky.
Aumento da influência presidencial?
Os rivais do presidente ucraniano o acusam há muito tempo de buscar consolidar seu poder e alguns críticos afirmam que a nomeação de Sviridenko é uma nova etapa no processo.
Sviridenko é considerada próxima do poderoso conselheiro da presidência Andrii Yermak.
Um artigo do respeitado jornal independente Ukrainska Pravda descreve a mudança no gabinete como “um reforço do chefe do gabinete da presidência”.
“É óbvio que a influência presidencial vai aumentar”, declarou à AFP o deputado de oposição Mikola Kniazhitskyi.
“As autoridades continuam com uma política de centralização e rejeitam o diálogo”, afirmou.
Prioridades
Sviridenko anunciou suas prioridades: o fortalecimento da economia, o aumento da produção de armas e a ampliação dos programas sociais.
Para Fesenko, a nomeação de Shmigal na pasta de Defesa pode colocar “ordem” neste ministério abalado por escândalos de corrupção.
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