Mundo
O que muda com o anúncio de Zuckerberg sobre o fim do programa de checagem pela Meta
O sistema de checagem, hoje feito por agência profissionais, será substituído por um sistema de notas, como o utilizado pelo X


O fundador e CEO da Meta, Mark Zuckerberg, anunciou, nesta terça-feira 7, que a empresa encerrará o seu programa de fact-checking (verificação digital) nos Estados Unidos. O sistema de checagem, hoje feito por agência profissionais, será substituído por um sistema de notas da comunidade, como o utilizado pela plataforma X, do bilionário Elon Musk.
“Vamos eliminar os fact-checkers (verificadores de conteúdo) para substitui-los por notas da comunidade semelhantes às do X (antigo Twitter), começando nos Estados Unidos”, escreveu Zuckerberg nas redes sociais.
No sistema de notas, cabe aos usuários das plataformas explicarem as publicações, com o apoio de links e imagens; as inserções são votadas pelos demais usuários que as julgam mais confiáveis ou não.
O empresário justificou que “os verificadores de fatos têm sido muito parciais politicamente e destruíram mais confiança do que construíram, especialmente nos Estados Unidos”.
“Depois da eleição da primeira eleição de Trump, em 2016, a mídia tradicional escreveu sem parar sobre como fake news eram uma ameaça para a democracia. Tentamos de boa-fé a endereçar essas preocupações, sem nos tornamos árbitros da verdade. Mas os checadores de fatos são muito enviesados politicamente e destruíram mais a confiança [das pessoas] do que a criaram, especialmente nos EUA”, completou.
Ainda de acordo com o empresário, o objetivo é ‘reduzir erros’ e restaurar a ‘liberdade de expressão’. “Criamos vários sistemas complexos de moderação, mas o problema é que eles cometem erros. Mesmo se eles acidentalmente censurem apenas 1% das publicações, isso significa milhões de pessoas, e chegamos a um ponto onde há muitos erros e muita censura”, acrescentou.
Segundo Zuckerberg, a medida será iniciada primeiramente nos Estados Unidos, mas poderá ser adotada em outros países.
O anúncio do empresário acontece no momento em que Zuckerberg tem feito esforços para se reconciliar com o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, incluindo uma doação de US$ 1 milhão (R$ 6,1 milhões na cotação atual) para seu fundo de posse. O republicano assumirá o cargo na Casa Branca em 20 de janeiro.
Também reverbera muitas das críticas feitas pelos republicanos e pelo próprio Elon Musk que consideram os programas de checagem como censura. Musk argumentou que “as eleições recentes (de 5 de novembro) parecem ser um ponto de inflexão cultural para, mais uma vez, priorizar a liberdade de expressão”.
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