O nó da austeridade

Pressões por ajustes fiscais e cortes nos gastos acuam os governos progressistas no subcontinente

Barreiras. Boric promete aumentar os gastos sociais sem comprometer o equilíbrio fiscal. Cristina Kirchner e Fernández travam uma queda-de-braço - Imagem: Justin Tafoya/Departamento de Estado/EUA e Juan Mabromata/AFP

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Passava um pouco do meio-dia da fria segunda-feira 11 quando Gabriel Boric, presidente do Chile, acompanhado de seu ministro da Fazenda, Mario Marcel, e de outros auxiliares, iniciou um acelerado discurso no pátio do Centro Cultural Casona Dubois, palacete centenário na zona norte de Santiago. “Depois da pandemia, nosso país e o mundo ainda não conseguiram se recuperar plenamente. A isso se somam a guerra na Ucrânia e a possível recessão nos Estados Unidos e na Europa.” Boric anunciaria ali uma série de subsídios e auxílios às famílias mais atingidas pela crise econômica. “Como governo, não podemos ser indiferentes: vamos atender às urgências das pessoas, com responsabilidade fiscal.”

O aposto colocado no fim da frase tem endereço distinto da maioria da população. Visa prestar contas ao mercado e mostrar que o governo não fará nenhuma loucura perdulária. O presidente repetiu uma espécie de mantra de vários governantes à esquerda e à direita ao redor do mundo: o aumento de gastos sociais não pode colocar em risco os compromissos financeiros do Estado. Se acalma banqueiros e financistas, a tentativa de anunciar gastos e cortes concomitantes sempre acaba por frustrar um dos lados.

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