Às vezes, os mortos têm mais a dizer do que os vivos. Aqueles que estão sob a terra macia e amarelada ao redor da Igreja de Santo André Apóstolo, na cidade ucraniana de Bucha, têm muitas histórias terríveis para contar. Em uma vala comum profunda, um antebraço e uma mão, com as pontas dos dedos quase pretas, jaziam sob um pé em um ângulo repugnante; o braço de outro homem parecia cavar para fora do solo remexido, tentando escapar do seu destino.
Na manhã de sexta-feira 8, uma equipe de investigadores forenses de Kiev chegou ao local para começar a documentar o terror infligido a civis por tropas russas durante a invasão ordenada há seis semanas por Moscou. Eles amarraram uma porta a uma escavadeira municipal para fazer uma maca improvisada e começaram a trabalhar. Todas as pessoas que eles descobriram haviam morrido violentamente. Em um homem faltava um grande pedaço do crânio. Outro corpo estava tão gravemente queimado que apenas sua cabeça e metade do torso permaneciam, o branco dos olhos oculto pela carne carbonizada. Uma pessoa parecia ter sido decapitada.
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