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Trump conseguiu bagunçar o frágil equilíbrio diplomático no mundo, da Ucrânia ao Afeganistão
Mesmo pelos padrões caóticos de Donald Trump, o “acordo de paz abrangente” para o Afeganistão assinado pelos Estados Unidos em Doha, em fevereiro de 2020, foi um enorme gol contra. O pacto não previa um cessar-fogo obrigatório, a exigência de compartilhamento de poder ou qualquer roteiro político. Em troca de conversas ininteligíveis sobre a Al-Qaeda, Trump prometeu a retirada total e incondicional dos EUA e da Otan em 14 meses. Isso não foi pacificação, foi capitulação. O Taleban mal podia acreditar em sua sorte.
Trump esperava beneficiar-se politicamente por “trazer as tropas para casa”, embora a grande maioria tivesse saído do Afeganistão. Fora isso, ele era totalmente indiferente ao destino da população local. Militares dos EUA e do Reino Unido ficaram chocados, assim como diplomatas, políticos, agências humanitárias e analistas familiarizados com o Afeganistão. Mas seus avisos de catástrofe iminente foram ignorados.
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