Mundo
O dado que faz a China retomar pressão sobre o Paraguai para romper com Taiwan
Assunção segue isolada na América do Sul em seus laços com Taipei
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China Guo Jiakun repetiu, nesta quinta-feira 30, que o Paraguai deve cortar laços com Taiwan se quiser retomar relações com a China.
Pequim voltou ao assunto após uma pesquisa da casa de análises local Metro Market Research apontar que 58,3% dos paraguaios consideram muito importante que o país tenha relações diplomáticas com a China, enquanto 29,8% definem esses laços como importantes. Apenas 3,6% disseram se tratar de algo pouco importante, enquanto 1,1% defendeu não haver relações. O levantamento, com 1.200 entrevistas e margem de erro de 3,6 pontos percentuais, foi divulgado pelo jornal paraguaio 5Días na última segunda-feira 27.
“Nos últimos anos, temos ouvido repetidamente o forte apelo de pessoas de diversos setores no Paraguai para o desenvolvimento de relações com a China”, disse Jiakun, questionado pela Shenzen TV, uma afiliada estatal. “Manter os chamados ‘laços diplomáticos’ com as autoridades de Taiwan não atende aos interesses fundamentais e de longo prazo do Paraguai e de seu povo.”
O Paraguai é o único país da América do Sul a manter relações diplomáticas com Taiwan, ilha que a China considera uma província rebelde e parte de seu território.
Nos últimos anos, o isolamento diplomático pró-Taiwan na América Latina se aprofundou. Nicarágua, em 2021, e Honduras, em 2023, cortaram laços com Taipei e passaram a reconhecer a China. O número de países que mantêm relações oficiais com Taiwan caiu para pouco mais de uma dezena.
Na Nicarágua de Daniel Ortega, por exemplo, empresas chineses obtiveram diversas licenças de mineração nos últimos anos. Segundo o jornal nicaraguense Confidencial, as concessões fornecidas entre 2023 e 2025 ultrapassam 500 mil hectares, e a empresa mais beneficiada é a Thomas Metal, com quase 190 mil hectares.
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