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Número de vítimas do terremoto na Turquia e na Síria ultrapassa os 20 mil mortos

A esperança de encontrar mais sobreviventes é cada vez menor nas zonas afetadas por um dos mais potentes terremotos em décadas na região

Foto: Demiroren News Agency / AFP
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Três dias após o grave terremoto que atingiu o sul da Turquia e da Síria, o balanço de mortos nos países ultrapassou a marca das 20 mil vítimas. Até esta quinta-feira (9), 17.134 corpos tinham sido resgatados nos escombros na Turquia e outras 3.162 vítimas foram registradas na Síria, de acordo com contagens oficiais.

A esperança de encontrar mais sobreviventes é cada vez menor nas zonas afetadas por um dos mais potentes terremotos em décadas na região. As temperaturas próximas de zero e o tempo passado desde o terremoto indicam que, daqui para frente, as milhares de pessoas que podem estar presas nos escombros tenham pouca chance de estarem vivas.

Os países contabilizam perdas econômicas gigantescas: de acordo com a agência de classificação Fitch, o prejuízo provavelmente deve “superar US$ 2 bilhões e pode alcançar US$ 4 bilhões ou mais”.

Na cidade turca de Kahramanmaras, nenhum local parece ter sido poupado. Por todos os lados há prédios que desmoronaram ou que estão rachados. Em diversos lugares é possível ver fumaça preta saindo dos escombros.

No centro da cidade, equipes turcas e azerbaijanas faziam buscas nesta quinta. Em uma distância de apenas 200 metros, onze escavadeiras trabalhavam.

As equipes de resgate levam fotos das pessoas desaparecidas para tentar identificar os corpos, enquanto os parentes das vítimas aguardam ansiosamente por novidades do lado de fora da área de busca.

Na cidade, o som das escavadeiras e dos geradores se mistura às sirenes das ambulâncias e dos carros funerários. A maioria das estradas está engarrafada, enquanto a polícia tenta trazer alguma ordem ao cenário, mas há muito caos em Kahramanmaras.

O frio agrava a situação na região. Apesar da temperatura de -5ºC, milhares de famílias em Gaziantep passaram a noite em carros ou barracas, impossibilitadas de retornar para suas casas ou com medo de voltar para os imóveis.

Os pais caminham pelas ruas da cidade do sudeste da Turquia com os filhos no colo, enrolados em cobertores, para tentar reduzir os efeitos do frio. “Eu temo pela vida das pessoas presas nos escombros”, disse Melek Halici, com a filha de dois anos nos braços.

Foto: Bakr ALKASEM / AFP

Terremoto arrasador

O terremoto de 7,8 graus de magnitude aconteceu durante a madrugada de segunda-feira, quando muitas pessoas estavam dormindo nesta região, onde milhares de moradores já sofreram perdas com o deslocamento devido à guerra civil da Síria.

Cerca de 23 milhões de pessoas estão “potencialmente em risco, incluindo cinco milhões de pessoas vulneráveis”, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que teme uma grave crise sanitária, com doenças como a cólera, que causaria ainda mais danos que o terremoto.

Nesta quinta-feira, o noroeste da Síria, controlado pelos rebeldes, recebeu o primeiro comboio de ajuda internacional através da passagem de fronteira de Bab al Hawa, a única autorizada para o envio de material a partir da Turquia.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) informou que a entrega inclui mantas, colchões, tendas e artigos básicos de socorro para cobrir as necessidades de ao menos 5.000 pessoas.

Embora tenha sido um pacote de assistência planejado desde antes do terremoto, essa primeira remessa “pode ser considerada uma resposta inicial das Nações Unidas e deve continuar, como nos prometeram, com comboios maiores para ajudar nossa população”, disse Mazen Alloush, funcionário do posto de passagem da fronteira.

Europa prepara reunião de ajuda internacional

A União Europeia prepara uma conferência de doadores em março para mobilizar ajuda internacional para Síria e Turquia. “Ninguém deve ficar sozinho quando uma tragédia como esta atinge uma população”, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

A questão da ajuda é delicada na Síria, país afetado pela guerra civil, com regiões sob controle dos rebeldes e um governo visto com desconfiança pelos países europeus.

Na quarta-feira, o governo Assad solicitou formalmente ajuda a Bruxelas e a Comissão Europeia incentivou os 27 países do bloco a responderem de maneira favorável, mas com vigilância, para impedir o desvio de material. A França decidiu doar € 12 milhões a ONGs que atuam no país e à ONU.

Geir Pedersen, enviado especial da ONU para a Síria, pediu que a ajuda humanitária não seja politizada. “Temos que fazer todo o possível para garantir que não exista nenhum obstáculo à ajuda vital que é necessária”, disse.

(Com informações da AFP)

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