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Novos combates são registrados na fronteira entre Camboja e Tailândia antes de ligação de Trump

O presidente dos EUA pretende se envolver novamente no conflito para tentar reativar um cessar-fogo obtido em julho

Novos combates são registrados na fronteira entre Camboja e Tailândia antes de ligação de Trump
Novos combates são registrados na fronteira entre Camboja e Tailândia antes de ligação de Trump
Um guarda inspeciona uma casa evacuada que foi atingida pela artilharia cambojana no início da manhã, em uma vila próxima à fronteira entre a Tailândia e o Camboja, na província de Surin, em 11 de dezembro de 2025. Foto: Lillian SUWANRUMPHA / AFP
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Novos combates foram registrados nesta quinta-feira 11 na fronteira entre Camboja e Tailândia, alguns próximos de templos antigos, antes da ligação que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pretende fazer para os governantes dos dois países para tentar obter um cessar-fogo.

Pelo menos 19 pessoas morreram no conflito fronteiriço, 10 civis cambojanos e nove soldados tailandeses, segundo as autoridades dos dois países do Sudeste Asiático.

Mais de meio milhão de pessoas foram deslocadas, a maioria na Tailândia, em um cenário de confrontos com aviões, tanques e drones.

Os confrontos começaram no domingo, motivados por uma antiga disputa fronteiriça, menos de dois meses após um acordo de cessar-fogo assinado em uma cerimônia com Trump.

Os combates desta semana foram os mais violentos desde o confronto de cinco dias em julho, que deixou dezenas de mortos antes da assinatura da frágil trégua em agosto.

Trump disse que espera conversar nesta quinta-feira com os governantes da Tailândia e do Camboja para exigir o fim do confronto.

Os dois lados trocam acusações sobre qual país provocou a retomada do conflito, que afetou cinco províncias da Tailândia e do Camboja, segundo uma análise da AFP baseada em dados oficiais.

Na manhã desta quinta-feira, centenas de famílias que fugiram do nordeste da Tailândia buscaram refúgio em um complexo universitário da cidade de Surin, adaptado como abrigo.

Algumas mulheres e voluntários preparavam refeições.

Rat, uma trabalhadora rural de 61 anos, que preferiu não revelar o sobrenome, disse que foi obrigada a fugir de casa com a família pouco antes do início do plantio de mandioca.

“Quero apenas voltar para casa e plantar de novo”, declarou à AFP. “Toda vez que os combates recomeçam, parece que a vida volta a entrar em pausa”.

Patrimônio cultural

Correspondentes da AFP na província cambojana de Oddar Meanchey (noroeste do país) ouviram impactos de artilharia procedentes de uma área que possui templos disputados pelos dois países.

O Ministério da Defesa do Camboja afirmou em um comunicado que as forças tailandesas executaram um ataque na manhã de quinta-feira contra a província, “bombardeando a área do templo Khnar”.

Do outro lado da fronteira, o Exército tailandês anunciou um toque de recolher entre 19h00 e 5h00 a partir de quarta-feira em algumas áreas de Sa Kaeo.

As forças tailandesas afirmaram na quarta-feira que militares cambojanos lançaram foguetes que caíram perto do hospital Phanom Dong Rak, na província de Surin, ao norte de Sa Kaeo.

Segundo o governo do Camboja, mais de 101 mil pessoas abandonaram a região de fronteira. As autoridades da Tailândia informaram que mais de 400 mil civis foram levados para abrigos.

Estados Unidos, China e Malásia mediaram um cessar-fogo em julho e, em outubro, Trump apoiou uma declaração conjunta de um acordo de paz.

Mas a Tailândia suspendeu a trégua em novembro, após denunciar um incidente com uma mina terrestre.

O presidente dos EUA, Donald Trump (à direita), observa o primeiro-ministro do Camboja, Hun Manet (ao centro), e o primeiro-ministro da Tailândia, Anutin Charnvirakul, enquanto participam da assinatura cerimonial de um acordo de cessar-fogo à margem da 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), em Kuala Lumpur, em 26 de outubro de 2025. Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP

A agência cultural da ONU, a Unesco, pediu a “proteção do patrimônio cultural da região em todas as suas formas”, em meio aos combates.

Vários templos na área em disputa integram a lista de Patrimônio Mundial da Unesco.

Em 2008, os dois países travaram confrontos por uma faixa de terra perto de um templo fronteiriço de 900 anos.

De 2008 a 2011, quase 20 pessoas morreram e dezenas de milhares precisaram abandonar suas casas devido a episódios de violência.

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