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Nova York se prepara para o provável indiciamento de Trump

Se isso acontecer, o republicano se tornará o primeiro ex-presidente a se sentar no banco dos réus

Policiais reforçam a segurança em Nova York à espera de um provável indiciamento de Donald Trump. Foto: Leonardo Munoz/AFP
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Barricadas perto da Trump Tower, polícia em alerta máximo e jornalistas do lado de fora da promotoria de Manhattan: Nova York aguardava o provável indiciamento de Donald Trump nesta terça-feira 21, embora sem certeza sobre as datas.

O ex-presidente garantiu no último sábado que seria “detido” nesta terça por ter pago uma atriz pornô para comprar o seu silêncio, mas sua defesa informou que essas afirmações foram baseadas em informações da imprensa, e não da acusação.

Segundo veículos americanos, o grande júri que decidirá se houve crime pode votar nesta quarta-feira, mas o promotor do distrito de Manhattan, o democrata Alvin Bragg, pode esperar até a semana que vem para anunciar as acusações.

Bragg, um funcionário eleito, não confirmou publicamente qualquer plano e o grande júri atua em sigilo, para evitar perjúrio ou influência sobre testemunhas.

A Promotoria apresentou testemunhas ao júri nas últimas semanas e convidou Trump a depor, o que pode indicar um indiciamento próximo. Caso isso aconteça, o republicano se tornará o primeiro ex-presidente a se sentar no banco dos réus, o que é interpretado por seus apoiadores como uma tentativa dos democratas de impedi-lo de concorrer em 2024.

Para se preparar para uma possível prisão do bilionário, que teria de passar pelo ritual de tirar impressões digitais e até ser algemado, a Polícia de Nova York colocou cercas metálicas em frente ao tribunal de Manhattan e à Trump Tower, na Quinta Avenida, antes da chegada em massa de apoiadores.

‘MAGA’

Segundo uma mensagem enviada por sua equipe de campanha – na qual, além de pedir contribuições que variam de 24 a 250 dólares, embora seus apoiadores também possam contribuir com outras quantias -, “o presidente Trump sabe que a verdadeira reivindicação virá em 5 de novembro de 2024, quando nós, o Povo, recuperarmos a Casa Branca e tornarmos a América grande novamente.”

A NBC News informou que todos os policiais de Nova York receberam ordens de usar uniforme e se preparar para o destacamento a partir desta terça-feira.

“Embora você veja um aumento da presença policial em todos os cinco distritos, atualmente não há ameaças consistentes para a cidade de Nova York”, disse um porta-voz da polícia.

No fim de semana, Trump convocou protestos maciços caso seja indiciado, embora apenas alguns apoiadores do bilionário tenham comparecido até agora a Nova York. Nesta terça, alguns manifestantes aguardavam em frente ao tribunal.

‘Caça às bruxas’

Figuras importantes, incluindo os filhos de Trump, não convocaram protestos de rua como fizeram após a eleição de 2020, quando o presidente Joe Biden venceu nas urnas.

Na noite desta segunda, protestos convocados pelo Clube dos Jovens Republicanos de Nova York atraíram cerca de 20 apoiadores.

A investigação de Bragg se concentra no pagamento de 130 mil dólares, na reta final das eleições de 2016, à atriz pornô Stormy Daniels, para silenciar uma suposta relação extraconjugal que ela teria tido com o magnata dez anos antes. Ele sempre negou.

O ex-advogado e agora inimigo de Trump Michael Cohen, que testemunhou perante o grande júri, disse que fez o pagamento e foi reembolsado.

Se não for devidamente contabilizado, o pagamento a Stormy Daniels pode ser considerado uma fraude, o que poderia violar a lei de financiamento eleitoral, crime passível de punição de quatro anos de prisão.

Especialistas jurídicos dizem que não será fácil provar o crime. Caso seja indiciado, um possível julgamento pode levar meses para acontecer.

Trump se diz vítima de uma “caça às bruxas”. “Nossos inimigos estão desesperados para nos deter, porque sabem que somos os únicos que podem detê-los”, disse em vídeo publicado em sua plataforma Truth Social nesta terça-feira.

O magnata é alvo de várias investigações criminais nos níveis estadual e federal, que podem ameaçar sua nova candidatura à Casa Branca, incluindo suas tentativas de reverter a derrota nas eleições de 2020 no estado da Geórgia.

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