No G20, Mauro Vieira critica a inação do Conselho de Segurança da ONU: ‘Inaceitável paralisia’

'O Brasil não aceita um mundo em que as diferenças são resolvidas pelo uso da força militar', afirmou o chanceler, no Rio de Janeiro

O chanceler Mauro Vieira em reunião do G20, no Rio de Janeiro, em 21 de fevereiro de 2024. Foto: Mauro Pimentel/AFP

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O chanceler Mauro Vieira afirmou ser “inaceitável” que as diferenças entre países sejam resolvidas por vias militares e criticou a “inação” do Conselho de Segurança da ONU. As declarações foram concedidas na abertura da reunião de ministros das Relações Exteriores do G20, nesta quarta-feira 21, no Rio de Janeiro.

“O Brasil não aceita um mundo em que as diferenças são resolvidas pelo uso da força militar”, enfatizou o ministro, garantindo que o país está pronto para contribuir com “ideias e propostas concretas” em busca do fim dos conflitos Israel-Hamas e Rússia-Ucrânia.

No discurso de abertura, Vieira ainda afirmou que existe uma “inaceitável paralisia do Conselho de Segurança da ONU em relação aos conflitos em curso” e que esse estado de inação “implica perda de vidas”.

“Este grupo é hoje, possivelmente, o foro internacional mais importante onde países com visões opostas ainda conseguem se sentar à mesa e ter conversas produtivas, sem necessariamente carregar o peso de posições arraigadas e rígidas que têm impedido avanços em outros foros, como o Conselho de Segurança”, acrescentou.

Segundo o chanceler, não é razoável que o mundo destine cerca de 2 trilhões de dólares a gastos militares a cada ano, enquanto programas de combate à pobreza permaneçam estagnados, com a aplicação anual de 60 bilhões.

“Os desembolsos para combater mudanças climáticas sobre o amparo do acordo de Paris mal conseguem alcançar os compromissos de 100 bilhões de dólares por ano, portanto, menos de 5% dos gastos militares.”


A reunião do G20 coincide com o mal-estar gerado após o presidente Lula (PT) criticar as incursões militares de Israel na Faixa de Gaza. O conflito, deflagrado em outubro passado, já deixou quase 30 mil mortos no enclave palestino, em sua maioria crianças e mulheres.

No fim de semana, Lula classificou como “genocídio” a ofensiva no território. Tel Aviv reagiu, exigiu desculpas e declarou o presidente brasileiro “persona non grata, termo utilizado nas relações internacionais para indicar que um representante oficial estrangeiro não é mais bem-vindo em um país.

O G20 reúne as vinte maiores economias do mundo. O encontro com os chanceleres tem como tema principal a reforma de organismos multilaterais, como a ONU e a Organização Mundial do Comércio.

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