Mundo

No exílio, Dalai Lama completa 80 anos como líder espiritual do Tibete

Neste período, o líder budista desempenhou a função quase sempre no exílio, sob constantes ataques da China

Foto: U.S. Mission Photo/Eric Bridiers
Apoie Siga-nos no

O Dalai Lama completa 80 anos como o líder espiritual do Tibete neste sábado 22, uma função que desempenhou quase sempre no exílio, sob os constantes ataques da China.

A centenas de quilômetros do imenso palácio Potala de Lhasa, o líder budista dirige desde 1959 seus companheiros tibetanos do exílio em Dharamsala, ao pé do Himalaia, na Índia. O Dalai Lama continua sendo a face universalmente reconhecida do movimento pela autonomia do Tibete, convertido em uma província chinesa desde 1951.

No entanto, a atenção mundial que recebeu ao vencer o Prêmio Nobel da Paz em 1989 se atenuou, enquanto o número de convites para encontrar líderes mundiais e estrelas de Hollywood caiu consideravelmente nos últimos anos.

O carismático 14º Dalai Lama reduziu o ritmo e, em abril do ano passado, foi hospitalizado por uma infecção pulmonar. Sua saúde também sofreu com a crescente influência da China e as ameaças de represálias que Pequim expressa a todos que se aproximam do líder budista. O governo chinês acusa o Dalai Lama, de 84 anos, de querer dividir a China e o considera um “lobo com túnica de monge”.

Data não será comemorada

O gabinete do líder espiritual anunciou que a data não seria comemorada e que uma reunião com fiéis, programada para março, foi cancelada em consequência do novo coronavírus.

O atual Dalai Lama nasceu em 6 de julho de 1935 com o nome de Lhamo Dhondup. Este filho de agricultores das colinas do nordeste tibetano tinha dois anos quando uma expedição chegou a sua aldeia em busca do novo líder espiritual do Tibete.

Como foi capaz de designar objetos que pertenceram ao 13º Dalai Lama, que morreu em 1933, o menino foi proclamado como sua reencarnação. Logo depois, foi separado da família e levado para um mosteiro, antes de seguir para Lhasa, onde recebeu uma rígida educação teológica e filosófica, antes de ser entronizado como o 14º Dalai Lama em 1939.

Em 1950, quando tinha 15 anos, foi proclamado chefe de Estado tibetano, após a entrada do exército chinês no Tibete.

Apesar de seus esforços para proteger os tibetanos, ele se viu obrigado a fugir em 1959 para a vizinha Índia, após uma violenta repressão dos militares chineses contra os manifestantes tibetanos.

Desde então, à frente de um governo no exílio, Tenzin Gyatso – seu nome religioso – busca incansavelmente um acordo com Pequim sobre o destino dos tibetanos, baseado em um primeiro momento na reivindicação de independência que, com o passar do tempo, se transformou em uma demanda por mais autonomia.

Luta pela autonomia do Tibete pode terminar em breve

Os ativistas tibetanos e Pequim sabem que a morte do monge budista mais famoso do planeta pode acabar com a busca por autonomia nesta região do Himalaia. A forma como será escolhido seu sucessor é um mistério.

Os budistas tibetanos escolhem tradicionalmente o Dalai Lama com um sistema ritual, que pode demorar anos, com um comitê itinerante que procura sinais de que uma criança pode ser a reencarnação do último líder espiritual.

Mas o 14º Dalai Lama poderia impor um novo processo não tradicional para evitar que a China se pronuncie. Poderia escolher ele mesmo seu sucessor, talvez uma menina, ou decretar seu último dia como Dalai Lama.

(Com informações AFP)

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.