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Aborto, classe média e Trump ‘predador’: os detalhes do 1º comício de Kamala
A vice-presidente deve ser nomeada no início de agosto a candidata democrata à Casa Branca


A vice-presidente Kamala Harris, que deve ser confirmada como candidata do Partido Democrata à Casa Branca, proferiu um vigoroso discurso nesta terça-feira 23, em Milwaukee, Wisconsin, um estado-chave para a eleição de novembro.
Em seu primeiro comício após o presidente Joe Biden anunciar que não concorrerá à reeleição, Kamala apostou em um pronunciamento enérgico contra o republicano Donald Trump, a quem acusou de planejar um amplo retrocesso caso vença a disputa.
Ela relembrou sua carreira como promotora e procuradora-geral da Califórnia. “Enfrentei predadores que abusaram de mulheres, fraudadores, traidores. Eu conheço o tipo de Donald Trump“, afirmou. Nesse momento, a plateia a aplaudiu com entusiasmo e entoou gritos de “Kamala”.
A democrata também defendeu frear os planos de Trump contra o direito o aborto e disse que as mulheres “devem tomar as decisões sobre seus próprios corpos”.
Em outro aspecto central da eleição, a vice-presidente afirmou que fortalecer a classe média será um objetivo prioritário de sua campanha. “Quando nossa classe média está forte, os Estados Unidos estão fortes. Mas Trump quer impor um retrocesso ao país, enfraquecendo a classe média”, prosseguiu.
“Estamos focados no futuro, enquanto o outro foca no passado. Acreditamos em um futuro em que cada pessoa tenha a oportunidade de seguir adiante, em que nenhuma criança tenha de crescer na pobreza, em que cada trabalhador tenha a liberdade de se unir a um sindicato, em que cada pessoa tenha condição de pagar por acesso à saúde.”
Kamala Harris em comício em Milwaukee, Wisconsin, em 23 de julho de 2024. Foto: Kamil Krzaczynski/AFP
Kamala defendeu, ainda, a necessidade de unir o partido a fim de vencer a disputa de novembro. A tendência é que ela seja nomeada formalmente no início de agosto, segundo as projeções internas.
“Fui informada, nesta manhã, de que conquistamos o apoio de delegados suficientes para garantir a nomeação”, celebrou. A maioria dos delegados democratas (cerca de 4 mil responsáveis por indicar oficialmente o candidato) já expressou a intenção de apoiá-la.
A rigor, o único democrata de peso que ainda não se pronunciou publicamente a favor da provável candidata é o ex-presidente Barack Obama.
Kamala também conta com o suporte de sua base, que arrecadou mais de 100 milhões de dólares (558 milhões de reais) para a campanha em apenas dois dias.
No comício em Milwaukee, ela disse se tratar de “uma campanha impulsionada pelo povo”, enquanto o adversário “depende do apoio de milionários e de grandes corporações” a quem faz promessas “em troca de contribuições”.
Outra boa notícia para Kamala é uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada nesta terça que a coloca dois pontos à frente de Trump. Como a margem de erro é de três pontos percentuais, contudo, há um empate técnico.
A democrata aparece com 44% das intenções de voto, ante 42% do republicano. Além disso,, 56% dos eleitores registrados concordam com a afirmação de que Kamala, de 59 anos, é “mentalmente aguçada e capaz de lidar com desafios”, em comparação com 49% que disseram o mesmo de Trump, de 78.
Em reação à ofensiva de sua oponente, Donald Trump afirmou nesta terça, em uma ligação com jornalistas, estar convencido de que Kamala Harris é uma rival “mais fácil” de vencer que Biden, porque a considera “muito mais radical”. Também declarou estar preparado para debater com a democrata em mais de uma ocasião.
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