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Netanyahu volta ao poder à frente do governo mais à direita de Israel

O primeiro-ministro é o político que por mais tempo liderou o governo de Israel, com 15 anos divididos em dois mandatos

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Foto: Amos Ben Gershom/GPO
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Benjamin Netanyahu foi empossado nesta quinta-feira (29) como primeiro-ministro de Israel, quatro anos após a sua saída, e após obter a confiança dos deputados em seu novo governo, o mais à direita da história do país.

Um total de 63 dos 120 membros do Knesset (Parlamento) votaram a favor do governo de Netanyahu, composto por seu partido, o Likud (direita), por dois partidos ultraortodoxos e três de extrema-direita.

Netanyahu foi parabenizado por seu retorno ao poder tanto pelo presidente russo, Vladimir Putin, quanto pelo americano, Joe Biden, que o apresentou como “um amigo de décadas”.

“Temos quatro objetivos principais: criar obstáculos aos esforços do Irã para se dotar de um arsenal nuclear, fortalecer a segurança e a soberania no interior de Israel, lutar contra o encarecimento da vida e os preços imobiliários elevados e ampliar o círculo da paz”, normalizando relações com outros países árabes, declarou Netanyahu nesta noite em seu primeiro conselho de ministros.

Vencedor das eleições legislativas de 1º de novembro, Netanyahu apresentou sua equipe ministerial aos deputados pela manhã, antes de um voto de confiança no Parlamento, onde sua coalizão tem a maioria das cadeiras.

Netanyahu anunciou o ex-ministro da Inteligência Eli Cohen como chefe da diplomacia. Na quarta-feira (28), já havia informado que Yoav Gallant, um ex-oficial próximo ao movimento pró-assentamentos na Cisjordânia ocupada, ficaria com a pasta da Defesa.

O ministro Amir Ohana foi eleito o novo presidente do Knesset, a primeira vez que um deputado abertamente gay ocupa este cargo no país.

A missão do governo será “frustrar os esforços do Irã para adquirir um arsenal nuclear, garantir a superioridade militar de Israel na região e ampliar o círculo de paz” com os países árabes, disse Netanyahu ao Parlamento.

Autoridades da área de segurança expressaram preocupação com o novo governo, assim como os palestinos e algumas capitais ocidentais. “É um governo dos sonhos para os aliados de Netanyahu”, disse o presidente do Israel Democracy Institute, Yohanan Plesner, à AFP. “E o sonho de um lado é o pesadelo do outro”, afirmou. “Espera-se que este governo leve o país a uma trajetória completamente nova”, acrescentou.

Centenas de pessoas, algumas delas fazendo proclamações em favor do povo palestino, manifestaram-se contra o novo Executivo na tarde desta quinta-feira, em frente ao Parlamento israelense. “Este é o governo mais sombrio, racista e o pior que poderíamos imaginar”, declarou Niv, um dos presentes.

“Este governo de extrema-direita não nos assusta”, afirmou o primeiro-ministro palestino, Mohamed Shtayyeh, durante um ato em Ramallah para comemorar a fundação do Fatah, partido laico que governa no enclave palestino da Cisjordânia.

Coalizão com ortodoxos e extrema-direita

Netanyahu, 73, é o político que por mais tempo liderou o governo de Israel, com 15 anos divididos em dois mandatos (1996-1999 e 2009-2021).

Pressionado por acusações de corrupção, deixou o poder em 2021, dando lugar a uma coalizão eclética de políticos de esquerda, centristas e partidos árabes liderada por Naftali Bennett e Yair Lapid.

Após as eleições, Netanyahu começou a negociar com partidos ultraortodoxos e de extrema-direita, como o Partido Sionista Religioso, de Bezalel Smotrich, e o Poder Judaico, de Itamar Ben Gvir, ambos com um histórico de declarações explosivas contra os palestinos.

No novo governo, Smotrich assumirá o Ministério da Fazenda e será responsável pela política de colonização na Cisjordânia. Ben Gvir será ministro da Segurança Nacional e controlará a polícia que opera na Cisjordânia, ocupada desde 1967.

Mesmo antes de assumir o governo, a maioria parlamentar aprovou leis para permitir que Aryeh Deri, um importante aliado do partido ultraortodoxo Shas, exercesse o cargo de ministro, apesar de ter admitido crimes fiscais. Decidiram também ampliar os poderes do Ministério da Segurança Nacional. Neste contexto, o procurador-geral Gali Baharav-Miara alertou para o risco “de politização das forças de ordem”.

Promover os assentamentos

Aliado de Israel, os Estados Unidos também alertaram que se oporiam a uma expansão dos assentamentos, ou a qualquer tentativa de anexação da Cisjordânia. Ainda assim, o Likud indicou em seu programa de governo, divulgado na quarta-feira, que promoverá os assentamentos nessa região.

Cerca de 475.000 colonos judeus vivem em assentamentos considerados ilegais pelo Direito internacional. Essas concessões podem incendiar a volátil situação entre israelenses e palestinos.

Israel e o Hamas travaram uma guerra em maio de 2021. E, em agosto deste ano, outros grupos militantes em Gaza trocaram foguetes e mísseis durante três dias com as forças israelenses. Na Cisjordânia, a violência aumentou, e muitos temem novos problemas.

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