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Naufrágio de barco de migrantes deixa quase 40 desaparecidos em Lampedusa

Um recém-nascido está entre os desaparecidos, apontou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados na Itália

A ilha de Lampedusa. Foto: AFP
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Cerca de 40 migrantes estão desaparecidos desde o naufrágio, na quinta-feira 22, de uma embarcação em frente à ilha italiana de Lampedusa, uma nova tragédia anunciada nesta sexta pela ONU, após as ocorridas dias atrás na Itália, na Grécia e na Espanha.

Um recém-nascido está entre os desaparecidos, apontou à AFP a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados na Itália, Chiara Cardoletti.

O barco, que zarpou de Sfax, na Tunísia, transportava 46 migrantes procedentes da África subsaariana (Costa do Marfim, Burkina Faso e Camarões), explicou um porta-voz da Organização Internacional para as Migrações, Flavio Di Giacomo. Devido às condições meteorológicas desfavoráveis de vento e a ondas fortes, a embarcação, de ferro, capotou. “Alguns sobreviventes foram transportados para Lampedusa, e outros, para a Tunísia”, disse Di Giacomo.

“Entre os desaparecidos estão sete mulheres e um menor. Os sobreviventes são todos homens adultos”, acrescentou. Ele destacou a fragilidade das embarcações de ferro, mal soldadas, que afundam na primeira avaria.

‘Um desastre no verão’

“Há naufrágios dos quais não ficamos sabendo”, lamentou Di Giacomo, pedindo “patrulhas de barcos europeus para monitorar a rota tunisiana e a rota líbia. “Do contrário, seremos testemunhas de um desastre neste verão.”

A porta-voz do Acnur na Itália concordou: contar com “um mecanismo de resgate no mar coordenado e compartilhado entre os Estados é uma questão de consciência”, afirmou. “É inaceitável seguir contando mortos às portas da Europa.”

Localizada a 145 quilômetros do litoral tunisiano, Lampedusa é um dos principais portos de entrada para os migrantes que atravessam o Mediterrâneo. 

Reforço das fronteiras estrangeiras

Os naufrágios de embarcações aumentaram nos últimos meses, enquanto o número de entradas detectadas de migrantes na União Europeia pelo Mediterrâneo central “mais do que dobrou” em 2023 em relação ao mesmo período do ano passado, indicou, em meados de junho, a agência europeia de fronteiras, a Frontex.

Na madrugada de 14 de junho, um cargueiro velho e sobrecarregado procedente da Líbia naufragou no litoral da península do Peloponeso, na Grécia. Mais de 80 corpos foram resgatados, mas os depoimentos dos sobreviventes sugerem que havia centenas de pessoas a bordo, cujos corpos não foram encontrados.

Nesta semana, uma embarcação afundou a aproximadamente 160 quilômetros das Ilhas Canárias, pertencentes à Espanha, onde morreram dois migrantes e poderiam ter morrido outras dezenas, segundo uma ONG local que monitora os naufrágios.

Em meio a um drama migratório que só aumenta, a União Europeia fechou há poucos dias um acordo para reformar seu sistema de asilo, que prevê a criação de centros além das fronteiras do bloco, para devolver mais facilmente a terceiros países “seguros” os migrantes cujos pedidos de asilo forem negados.

A Comissão Europeia apresentou, em setembro de 2020, um Pacto sobre a Migração e o Asilo, um pacote de reformas que espera ver aprovado na primavera de 2024. O pacto prevê uma solidariedade “obrigatória”, mas flexível, entre os países-membros na atenção aos solicitantes de asilo, além de um reforço das fronteiras estrangeiras.

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