O presidente Lula (PT) evitou criticar diretamente um eventual envio de tropas da França para ajudar a Ucrânia no conflito com a Rússia e disse não ter o mesmo “nervosismo” do povo europeu, por estar mais distante da guerra. As declarações foram concedidas à imprensa nesta quinta-feira 28, ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron, em Brasília.
“Estou a tantos mil quilômetros de distância da Ucrânia que não sou obrigado a ter o mesmo nervosismo que tem o povo francês, que está mais próximo, o povo alemão, o povo europeu”, afirmou o petista.
Na sequência, Lula garantiu que ele e Macron estão do mesmo lado em relação à guerra, embora a vejam de perspectivas diferentes.
O petista, que condenou a invasão russa mas tem defendido um canal de diálogo entre Moscou e Kiev, voltou a declarar que o Brasil “não escolhe lado” em qualquer conflito, porque sua posição é “contra todas as guerras”.
Também disse ter virado rotina o fato de os países do Conselho de Segurança da ONU – do qual a França é integrante – tomarem decisões unilaterais que contrariam as leis internacionais. “Um dia eles terão que se entender e reconhecer que não foi necessária tanta destruição.”
Macron, por sua vez, disse aos jornalistas agir em relação à invasão da Ucrânia “em coerência” com os seus parceiros da União Europeia, que desde o início do conflito impôs diversas sanções a Moscou. Ainda justificou o envio de material de guerra a Kiev, não só pelas decisões da UE, mas porque “a França é uma potência de paz”.
“Temos de ser responsáveis, mas não fracos. Fico na mesma posição”, prosseguiu. “A França quer o diálogo, mas queremos dizer que não somos fracos. Se acontecer uma escalada sem fim, temos de nos organizar para não apenas lamentar.”
A coletiva de imprensa aconteceu após Macron e Lula assinarem uma série de acordos bilaterais em cerimônia no Palácio do Planalto. O ato representou a conclusão da visita de Estado do presidente francês ao Brasil.
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