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Na ONU, Alemanha admite que negligenciou problema do racismo

Falando perante o Comitê das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação Racial, país citou avanços nos últimos anos, mas reconheceu que questão não foi adequadamente enfrentada “por décadas”

Na ONU, Alemanha admite que negligenciou problema do racismo
Na ONU, Alemanha admite que negligenciou problema do racismo
(Foto: SETH HERALD / AFP)
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Falando nesta quinta-feira 23, perante o Comitê das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação Racial, em Genebra, na Suíça, o governo da Alemanha reconheceu que negligenciou o tema por décadas. A comissária do governo alemão para os direitos humanos, Sigrid Jacobi, afirmou que embora o país tenha avançado muito nos últimos anos, ainda há muito o que ser feito.

O comitê da ONU, que reúne 182 países signatários da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (1965), faz avaliações periódicas da situação em cada país.

A Alemanha, assim como os demais membros do comitê, está sujeita ao escrutínio da comunidade internacional e tem, por isso, o dever de apresentar relatórios e informar sobre o progresso no cumprimento da convenção, mas as deliberações têm caráter meramente consultivo, e os relatórios não têm sido apresentados com uma regularidade fixa.

O relatório apresentado pela Alemanha diz respeito ao ano de 2020, mas por causa da pandemia só foi debatido agora – o anterior foi feito em 2013. Já o Brasil, segundo a base de dados da comissão , deveria ter apresentado um relatório em 2008, mas só o fez em 2020, após um hiato de 17 anos.

Críticas à situação de imigrantes e à exploração de países do Sul Global

Durante a sessão, uma ONG alemã, o Instituto para Direitos Humanos, apresentou um relatório paralelo sobre o racismo na Alemanha, em que alerta, entre outros pontos, para o “perigo” da Alternativa para a Alemanha (AfD): o partido, segundo os ativistas, trabalha para eliminar a ordem liberal-democrática do país e rejeita a ideia de que todos os seres humanos são iguais. Por essa razão, a entidade vê como provável uma eventual proibição da legenda perante a Suprema Corte.

O relatório do instituto também cita outros pontos, como a necessidade de reforma da Lei Antidiscriminação (AGG) e de aumentar a proteção contra discriminação exercida por policiais, bem como a situação precária de imigrantes que vivem no país. Também tece críticas a setores do empresariado alemão que se beneficiam de commodities e mão de obra barata do Sul Global, com consequências negativas para os direitos humanos nesses países, especialmente o dos não brancos.

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